São Paulo, domingo, 25 de outubro de 2009

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outro lado

Contenção com algemas causou controvérsia

ENVIADAS ESPECIAIS A CAMPINAS

O chefe do Departamento de Psicologia Médica e Psiquiatria da Unicamp, o médico Paulo Dalgalarrondo, responsabilizou a Polícia Civil pelo uso de algemas na Psiquiatria do Hospital das Clínicas. Segundo ele, o caso da investigadora Renata Pereira de Azevedo foi o primeiro em que, além das formas de contenção típicas da psiquiatria, foram empregadas algemas em um paciente com quadro psicótico: "Isso causou constrangimento e bate-boca entre residentes e policiais que faziam a guarda."
Dalgalarrondo afirmou que a investigadora deu entrada no hospital com intensa agitação psicomotora, e com perda total de contato com a realidade. "Em situações assim, indica-se a contenção -amarração e imobilização do paciente com o uso de lençóis. Serve para proteger a paciente e a equipe médica."
Segundo o médico, no dia 21, o delegado Walter Bavaro (que assina o boletim de ocorrência do caso Renata), esteve no hospital para se informar sobre a situação da investigadora. Acompanhava-o o perito Nelson Bruni Cabral de Freitas.
"Aproveitamos para pedir ao delegado a suspensão do uso das algemas", disse Dalgalarrondo. Segundo ele, Bavaro permitiu apenas uma mudança na forma de emprego das algemas. Em vez de uma argola ligada ao braço e outra à cama, desde sexta-feira, Renata usa-as uma em cada braço.
Quanto às muitas horas em que a policial permaneceu amarrada de costas na maca do PS, Dalgalarrondo admitiu: "Deveria ser feito um trabalho de fisioterapia passiva. Mas não temos recurso. Funcionamos com superlotação." Segundo ele, a deficiência no atendimento de Renata não se deveu a sua condição de presa. "Qualquer paciente que necessitasse de contenção teria o mesmo atendimento".
A Folha solicitou entrevista ao delegado Walter Bavaro por meio da assessoria de imprensa da Secretaria da Segurança Pública. O delegado se recusou a falar com a reportagem. Ao assessor, disse que as algemas foram colocadas na paciente por ordem da Polícia Militar, responsável pela escolta.

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