São Paulo, sexta-feira, 25 de novembro de 2005

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VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

Pesquisa da OMS também foi feita em outros nove países

27% das paulistanas relatam ataques

DA FOLHA ONLINE

Uma pesquisa divulgada ontem pela OMS (Organização Mundial da Saúde) aponta que 27% das mulheres residentes na cidade de São Paulo e 34% das que vivem na Zona da Mata de Pernambuco já foram vítimas de violência doméstica, em grande parte provocada por seus maridos.
Os dados foram coletados por universidades e ONGs brasileiras, a pedido da agência da ONU (Organização das Nações Unidas). Mulheres de outros nove países também responderam à pesquisa, entre 2000 e 2003.
Os maiores percentuais de agressão foram registrados na cidade peruana de Cuzco -61% das entrevistadas disseram que já foram agredidas. Já a Etiópia apresentou os maiores índices de violência sexual entre as participantes da pesquisa -59% delas afirmaram ter sido violentadas.
O Japão obteve os menores percentuais tanto no que se refere a agressões em geral (13%) como a violência sexual (6%).
Em São Paulo e na Zona da Mata de Pernambuco, o percentual de mulheres que disseram ter sido obrigadas a manter relações sexuais mediante uso da força ou ameaças é de 10% e 14%, respectivamente. No Brasil, a pesquisa foi realizada em 2001. Foram ouvidas 1.172 mulheres de 15 a 49 anos e de todas as condições sociais.
O estudo também mediu a tolerância a esse tipo de violência. Para 75% das entrevistadas que vivem em áreas urbanas do Brasil, Japão, Namíbia e Sérvia, não há justificativa para bater em uma mulher. No Peru, em Bangladesh, Etiópia e Samoa, porém, o número cai para menos de 25%.
O elevado percentual de vítimas de abusos sexuais torna-se ainda mais preocupante devido à Aids, ressalta a OMS. "A violência contra a mulher é uma vergonha para os países que não conseguem preveni-la e para as sociedades que a toleram", disse o relator especial da ONU sobre a violência contra a mulher, Yakin Ertürk.
Entre as vítimas de violências físicas, 40% das paulistanas e 37% das pernambucanas admitiram que tinham sofrido ferimentos ao menos uma vez -de escoriações, cortes e perfurações na pele até a ruptura de tímpanos e queimaduras. Uma em cada três teve de ficar hospitalizada por ao menos uma noite devido às agressões.
A pesquisa também revelou que entre 8% e 11% das mulheres foram vítimas de violência física durante a gravidez e, entre elas, um terço foi atingida no abdômen.
Em São Paulo, 25% das entrevistadas disseram ter enfrentado uma situação de violência física ou sexual desde os 15 anos e apontaram os pais e outros membros de suas famílias como os responsáveis pelas primeiras agressões. Segundo o estudo, 12% das mulheres informaram ter sofrido abuso antes dos 15 anos por parte de algum parente.
No decorrer da vida, os principais culpados pela violência sexual passam a ser os namorados e pessoas desconhecidas.


Com as agências internacionais e a Reportagem Local

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