AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL

A estudante e atendente Lígia Horta "deve" quatro árvores em um ano ao planeta por usar o carro para ir ao trabalho. Ela trafega 32 km ao dia, para vir de São Bernardo do Campo a São Paulo num veículo com motor 1.6 movido a gasolina.
O cálculo, sem rigor científico, pode ser feito no site do programa Florestas do Futuro, da Fundação SOS Mata Atlântica (http:// www.florestasdo futuro.org.br).
Uma calculadora estima a emissão de CO2 decorrente das atividades diárias das pessoas. A conta é feita a partir dos quilômetros que se roda com carro (o tipo de combustível e o motor influenciam o resultado), ônibus e até avião.
Lígia já plantou um pau-brasil em seu sítio, mas ainda está em débito. "Agora, vou ficar com peso na consciência quando usar o carro. Mas, pelo menos, descobri que devo um número de árvores possível de plantar", diz.
Diferentemente da estudante, o taxista Leandro Oliveira, 29, não plantou uma árvore sequer na vida. Ele dirige, em média, 200 km por dia, num carro com motor 2.0 movido a gás.
Para neutralizar suas emissões, precisa plantar nove árvores por ano. Se usasse gasolina, o número subiria para 23. "A única coisa que eu "plantei" na minha vida foi uma flor num vaso. Acho que precisaria plantar uma floresta inteira para pagar o que devo."
O biólogo que criou a calculadora, Kenny Tanizaki, da UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), alerta que o débito se refere a uma árvore de 20 anos e não a uma simples muda. "As pessoas precisam investir e cuidar das mudas plantadas."
Segundo o diretor dos programas de reflorestamento da SOS Mata Atlântica, Adauto Basílio, o objetivo do Florestas do Futuro é captar recursos com empresas para fazer plantios de árvores em margens de lagos e rios.
De acordo com Basílio, haverá uma reformulação no site em 2006 e o questionário será ampliado. "Dizem que a dívida do cidadão, desde quando ele nasce até morrer, é de 308 árvores."
Muitos alegam, como o autônomo Wagner Barbosa, 32, não ter espaço para plantar. Mas esse problema pode ser remediado. Em outro site, o http://www.clickarvore.com.br, qualquer um pode plantar, de forma gratuita e virtual. Ao clicar no site, um patrocinador paga por uma muda, que é doada a proprietários de fazendas. O líder de clicks, morador de São Paulo, foi responsável pelo plantio de 1.188 mudas.


Texto Anterior: Café com Maresia: Rio inaugura novos quiosques
Próximo Texto: Espaço da tolerância: USP define projeto de novo museu
Índice