|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SP tem 12 mil terrenos usados como garagens
Muitos são improvisados por proprietários que esperam valorização do imóvel
Na esquina das avenidas Paulista e Pamplona, um terreno de 12 mil m2 ganhou uso temporário de estacionamento
DA REPORTAGEM LOCAL
Na esquina da supervalorizada avenida Paulista com a rua
Pamplona (região central), um
terreno vago de 12 mil m2 é o
que resta da antiga mansão dos
Matarazzo. Em 1991, a família
anunciou a construção de uma
torre de 47 andares no local.
Algum tempo antes, o multimilionário norte-americano Donald Trump, um dos maiores
investidores do mercado imobiliário de Nova York, já manifestara a intenção de comprar a
área para erguer ali um prédio
de 60 andares. Nenhum dos
projetos vingou.
Em janeiro passado, o terreno foi comprado pela construtora Cyrela e pelo grupo Camargo Corrêa por R$ 125 milhões. As duas empresas planejam agora construir um novo
empreendimento imobiliário.
Hoje, palmeiras, pinheiros e
uma araucária resistem no local, usado como estacionamento, um uso provisório que faz
do terreno-garagem, segundo
arquitetos, um "vazio urbano".
Assim como a gleba na Paulista, outros 11.928 lotes usados
como estacionamentos somam
cerca de 2,7 km2 na cidade de
São Paulo, segundo levantamento da Sempla (Secretaria
Municipal de Planejamento),
com base no cadastro TPCL
(Territorial e Predial, de Conservação e Limpeza) da Secretaria Municipal de Finanças
para o ano de 2006.
A área seria equivalente a 24
parques da Aclimação ou a 108
pequenos parques, como a praça Buenos Aires, ambos na região central.
Embora tenham algum tipo
de ocupação, os terrenos-garagem são consideradas áreas subutilizadas por urbanistas e
constituem uma outra espécie
dos chamados "vazios urbanos", ao lado de terrenos baldios e orlas ferroviárias.
Muitos proprietários, dizem
especialistas, mantêm seus lotes sem uso para vendê-los
mais tarde por um preço mais
alto. E enquanto aguardam a
valorização imobiliária, dão
um uso temporário e que não
exija grande investimento, como estacionamentos.
"Existe a necessidade de o
Poder Público intervir para fomentar o uso público. Isso tem
de ser penalizado. O IPTU deveria ser crescente se o uso correto não fosse dado ao terreno", diz Gilberto Belleza, presidente do IAB (Instituto de Arquitetos do Brasil).
A reportagem visitou algumas dessas áreas. A maioria é
improvisada, com chão de terra
batida ou pavimentação precária e sem garagens cobertas, o
que reforça a hipótese de uso
transitório ou ocasional.
"São áreas de grande potencial construtivo e as garagens
poderiam estar no subsolo. É
por meio desses vazios que as
cidades se transformam", afirma a professora Andrea Borde,
da Faculdade de Arquitetura e
Urbanismo da UFRJ, que fez
doutorado na França sobre os
"vazios urbanos".
(VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO)
Texto Anterior: Para urbanistas, sobram os espaços e faltam as idéias Próximo Texto: Kassab dobrará área verde, diz secretaria Índice
|