São Paulo, domingo, 25 de novembro de 2007

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SP tem 12 mil terrenos usados como garagens

Muitos são improvisados por proprietários que esperam valorização do imóvel

Na esquina das avenidas Paulista e Pamplona, um terreno de 12 mil m2 ganhou uso temporário de estacionamento

DA REPORTAGEM LOCAL

Na esquina da supervalorizada avenida Paulista com a rua Pamplona (região central), um terreno vago de 12 mil m2 é o que resta da antiga mansão dos Matarazzo. Em 1991, a família anunciou a construção de uma torre de 47 andares no local. Algum tempo antes, o multimilionário norte-americano Donald Trump, um dos maiores investidores do mercado imobiliário de Nova York, já manifestara a intenção de comprar a área para erguer ali um prédio de 60 andares. Nenhum dos projetos vingou.
Em janeiro passado, o terreno foi comprado pela construtora Cyrela e pelo grupo Camargo Corrêa por R$ 125 milhões. As duas empresas planejam agora construir um novo empreendimento imobiliário.
Hoje, palmeiras, pinheiros e uma araucária resistem no local, usado como estacionamento, um uso provisório que faz do terreno-garagem, segundo arquitetos, um "vazio urbano".
Assim como a gleba na Paulista, outros 11.928 lotes usados como estacionamentos somam cerca de 2,7 km2 na cidade de São Paulo, segundo levantamento da Sempla (Secretaria Municipal de Planejamento), com base no cadastro TPCL (Territorial e Predial, de Conservação e Limpeza) da Secretaria Municipal de Finanças para o ano de 2006.
A área seria equivalente a 24 parques da Aclimação ou a 108 pequenos parques, como a praça Buenos Aires, ambos na região central.
Embora tenham algum tipo de ocupação, os terrenos-garagem são consideradas áreas subutilizadas por urbanistas e constituem uma outra espécie dos chamados "vazios urbanos", ao lado de terrenos baldios e orlas ferroviárias.
Muitos proprietários, dizem especialistas, mantêm seus lotes sem uso para vendê-los mais tarde por um preço mais alto. E enquanto aguardam a valorização imobiliária, dão um uso temporário e que não exija grande investimento, como estacionamentos.
"Existe a necessidade de o Poder Público intervir para fomentar o uso público. Isso tem de ser penalizado. O IPTU deveria ser crescente se o uso correto não fosse dado ao terreno", diz Gilberto Belleza, presidente do IAB (Instituto de Arquitetos do Brasil).
A reportagem visitou algumas dessas áreas. A maioria é improvisada, com chão de terra batida ou pavimentação precária e sem garagens cobertas, o que reforça a hipótese de uso transitório ou ocasional.
"São áreas de grande potencial construtivo e as garagens poderiam estar no subsolo. É por meio desses vazios que as cidades se transformam", afirma a professora Andrea Borde, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ, que fez doutorado na França sobre os "vazios urbanos".
(VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO)


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