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Disputa cai na Fuvest, dificuldade não
Nos últimos anos, mesmo com a queda de número de inscritos por curso, a nota de corte se manteve ou até aumentou
Especialistas em vestibular
explicam que candidatos
que desistem de concorrer
são os que teriam menos
chance de conseguir a vaga
FÁBIO TAKAHASHI
FERNANDA CALGARO
DA REPORTAGEM LOCAL
O vestibulando que presta
hoje a Fuvest e se animou com
a queda na concorrência nos últimos anos não tem os números
a seu favor: a série histórica do
vestibular mostra que a relação
candidato/vaga não tem ligação com a nota de corte, fator
que determina a classificação
para a segunda fase.
Jornalismo, por exemplo, teve uma concorrência de 53,93
candidatos por vaga no vestibular 2006, número que caiu para
44,75 no exame 2007. Neste
processo seletivo (para ingresso em 2008), é o mais concorrido, com 41,63 alunos na disputa
pela mesma vaga.
O percentual necessário de
acertos para a classificação à
segunda fase, porém, teve até
um pequeno aumento no período de 2006 e 2007, de 65%
para 68% -a partir do ano passado, a prova passou de 100 para 90 questões.
As quedas nas concorrências
são mais acentuadas se considerado um período mais longo.
Ainda assim, a nota de corte
não acompanha a tendência.
"A concorrência é muito superficial para a análise da dificuldade", disse Carlos Eduardo
Bindi, diretor do cursinho Etapa. "Quem deixa de prestar determinado curso, em geral, é o
candidato que não estaria no
páreo. Por isso, a nota de corte
não acompanha a variação da
concorrência."
"A nota de corte depende
muito do nível geral da prova
[dificuldade] e da formação dos
vestibulandos", afirmou Roberto Costa, um dos coordenadores da Fuvest.
"Existe uma parcela de vestibulandos que acredita que,
caindo a relação candidato/vaga, fica mais fácil passar", disse
Alberto Francisco de Nascimento, coordenador de vestibulares do Anglo. "Mas essa
não é uma equação linear."
Entre os 20 cursos mais concorridos para este vestibular, 15
tiveram queda na concorrência
em relação ao exame passado.
Considerando essas mesmas
20 carreiras entre os vestibulares 2006 e 2007, todas elas
apresentaram redução de candidatos/vaga. A quantidade necessária de questões corretas
para a classificação à segunda
fase, porém, subiu em 17 no
mesmo período.
"Sempre fico de olho na relação candidato/vaga", conta Raquel de Almeida Bertani, 17,
que presta para direito. "Com a
queda na concorrência, fico
mais animada. Se bem que os
que não se inscreveram são os
menos preparados, sobrando
aqueles com mais chances."
No caso de Bruna dos Santos
Galicho, 18, a reação foi contrária: em busca de uma vaga para
jornalismo, o curso mais concorrido do ano, ela diz que ficou
apreensiva quando a concorrência foi divulgada. "Deu um
certo desespero. Mas, ao mesmo tempo, estou confiante."
Menos candidatos
A queda na concorrência nos
cursos mais disputados da Fuvest segue a diminuição no número geral de inscritos.
Após um recorde de candidatos na prova para ingresso em
2006, com 170.474 alunos, o
número vem caindo desde então e chegou a 140.999 inscritos
para a entrada em 2008. No
mesmo período, a quantidade
de vagas teve um leve crescimento, de 10.247 para 10.552.
Para Costa, da Fuvest, alguns
dos motivos que podem explicar essa queda são a ampliação
de vagas em universidades federais na Grande São Paulo (casos da Unifesp e da UFABC) e
do Prouni (programa do governo federal que concede bolsas
em universidades particulares
a estudantes de baixa renda).
Segundo os dados da Fuvest,
a queda na procura é ocasionada, principalmente, pelos estudantes de escolas públicas.
Em 2006, foram 70.797 inscritos dessa rede, ante 49.340
em 2007. O perfil socioeconômico dos candidatos do exame
atual não foi divulgado.
"Quem desiste, normalmente, é aquele candidato de baixa
renda, que tem poucas possibilidades de aprovação, infelizmente", disse Bindi, do Etapa.
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