São Paulo, domingo, 25 de novembro de 2007

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Disputa cai na Fuvest, dificuldade não

Nos últimos anos, mesmo com a queda de número de inscritos por curso, a nota de corte se manteve ou até aumentou

Especialistas em vestibular explicam que candidatos que desistem de concorrer são os que teriam menos chance de conseguir a vaga

FÁBIO TAKAHASHI
FERNANDA CALGARO

DA REPORTAGEM LOCAL

O vestibulando que presta hoje a Fuvest e se animou com a queda na concorrência nos últimos anos não tem os números a seu favor: a série histórica do vestibular mostra que a relação candidato/vaga não tem ligação com a nota de corte, fator que determina a classificação para a segunda fase.
Jornalismo, por exemplo, teve uma concorrência de 53,93 candidatos por vaga no vestibular 2006, número que caiu para 44,75 no exame 2007. Neste processo seletivo (para ingresso em 2008), é o mais concorrido, com 41,63 alunos na disputa pela mesma vaga.
O percentual necessário de acertos para a classificação à segunda fase, porém, teve até um pequeno aumento no período de 2006 e 2007, de 65% para 68% -a partir do ano passado, a prova passou de 100 para 90 questões.
As quedas nas concorrências são mais acentuadas se considerado um período mais longo. Ainda assim, a nota de corte não acompanha a tendência.
"A concorrência é muito superficial para a análise da dificuldade", disse Carlos Eduardo Bindi, diretor do cursinho Etapa. "Quem deixa de prestar determinado curso, em geral, é o candidato que não estaria no páreo. Por isso, a nota de corte não acompanha a variação da concorrência."
"A nota de corte depende muito do nível geral da prova [dificuldade] e da formação dos vestibulandos", afirmou Roberto Costa, um dos coordenadores da Fuvest.
"Existe uma parcela de vestibulandos que acredita que, caindo a relação candidato/vaga, fica mais fácil passar", disse Alberto Francisco de Nascimento, coordenador de vestibulares do Anglo. "Mas essa não é uma equação linear."
Entre os 20 cursos mais concorridos para este vestibular, 15 tiveram queda na concorrência em relação ao exame passado.
Considerando essas mesmas 20 carreiras entre os vestibulares 2006 e 2007, todas elas apresentaram redução de candidatos/vaga. A quantidade necessária de questões corretas para a classificação à segunda fase, porém, subiu em 17 no mesmo período.
"Sempre fico de olho na relação candidato/vaga", conta Raquel de Almeida Bertani, 17, que presta para direito. "Com a queda na concorrência, fico mais animada. Se bem que os que não se inscreveram são os menos preparados, sobrando aqueles com mais chances."
No caso de Bruna dos Santos Galicho, 18, a reação foi contrária: em busca de uma vaga para jornalismo, o curso mais concorrido do ano, ela diz que ficou apreensiva quando a concorrência foi divulgada. "Deu um certo desespero. Mas, ao mesmo tempo, estou confiante."

Menos candidatos
A queda na concorrência nos cursos mais disputados da Fuvest segue a diminuição no número geral de inscritos.
Após um recorde de candidatos na prova para ingresso em 2006, com 170.474 alunos, o número vem caindo desde então e chegou a 140.999 inscritos para a entrada em 2008. No mesmo período, a quantidade de vagas teve um leve crescimento, de 10.247 para 10.552.
Para Costa, da Fuvest, alguns dos motivos que podem explicar essa queda são a ampliação de vagas em universidades federais na Grande São Paulo (casos da Unifesp e da UFABC) e do Prouni (programa do governo federal que concede bolsas em universidades particulares a estudantes de baixa renda).
Segundo os dados da Fuvest, a queda na procura é ocasionada, principalmente, pelos estudantes de escolas públicas.
Em 2006, foram 70.797 inscritos dessa rede, ante 49.340 em 2007. O perfil socioeconômico dos candidatos do exame atual não foi divulgado.
"Quem desiste, normalmente, é aquele candidato de baixa renda, que tem poucas possibilidades de aprovação, infelizmente", disse Bindi, do Etapa.


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