São Paulo, quinta-feira, 25 de novembro de 2010

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MAURO ALICE (1925-2010)

De químico a operário de filmes

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Morreu anteontem em São Paulo o montador Mauro Alice, aos 85 anos, em decorrência de uma leucemia.
Nascido em 1925, em Curitiba (PR), era o caçula em uma família de imigrantes italianos. Seu tio, Henrique Oliva, era distribuidor de filmes e dono de salas de cinema, onde o sobrinho entrava de graça. Gostava de ir às matinês de domingo para ver westerns e seriados.
Formou-se inicialmente químico industrial, antes de entrar para a Cia. Cinematográfica Vera Cruz, onde foi assistente de Oswald Hafenrichter, montador europeu que havia concorrido ao Oscar de melhor montagem por "O Terceiro Homem" (1949).
Ao longo dos anos 1950, Mauro Alice inicia a própria carreira como montador, inicialmente dos filmes de Mazzaropi na própria Vera Cruz.
Com o tempo, viria a se tornar um dos mais ativos técnicos do cinema brasileiro, com 57 títulos em que participa como montador. Trabalhou com os principais diretores do país, como Walter Hugo Khouri (em "Noite Vazia", entre outros), Hector Babenco ("O Beijo da Mulher Aranha", "Carandiru" e outros) e Anselmo Duarte ("Vereda da Salvação").
Sua biografia, "Um Operário do Filme", foi publicada em 2009 pela Imprensa Oficial. No livro, ele revela como via seu ofício de montador.
"Eu, na verdade, entrego tudo para o diretor. Eu gosto de ser um operário do filme. Eu me considero parte da engrenagem, não sou autor. Eu lido com elementos de autoria que é dos outros, e isso causa conflito", escreveu.
Morava sozinho e não tinha filhos.

coluna.obituario@uol.com.br


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