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MAURO ALICE (1925-2010)
De químico a operário de filmes
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Morreu anteontem em São
Paulo o montador Mauro Alice, aos 85 anos, em decorrência de uma leucemia.
Nascido em 1925, em Curitiba (PR), era o caçula em
uma família de imigrantes
italianos. Seu tio, Henrique
Oliva, era distribuidor de filmes e dono de salas de cinema, onde o sobrinho entrava
de graça. Gostava de ir às matinês de domingo para ver
westerns e seriados.
Formou-se inicialmente
químico industrial, antes de
entrar para a Cia. Cinematográfica Vera Cruz, onde foi
assistente de Oswald Hafenrichter, montador europeu
que havia concorrido ao Oscar de melhor montagem por
"O Terceiro Homem" (1949).
Ao longo dos anos 1950,
Mauro Alice inicia a própria
carreira como montador, inicialmente dos filmes de Mazzaropi na própria Vera Cruz.
Com o tempo, viria a se tornar um dos mais ativos técnicos do cinema brasileiro,
com 57 títulos em que participa como montador. Trabalhou com os principais diretores do país, como Walter
Hugo Khouri (em "Noite Vazia", entre outros), Hector
Babenco ("O Beijo da Mulher
Aranha", "Carandiru" e outros) e Anselmo Duarte ("Vereda da Salvação").
Sua biografia, "Um Operário do Filme", foi publicada
em 2009 pela Imprensa Oficial. No livro, ele revela como
via seu ofício de montador.
"Eu, na verdade, entrego
tudo para o diretor. Eu gosto
de ser um operário do filme.
Eu me considero parte da engrenagem, não sou autor. Eu
lido com elementos de autoria que é dos outros, e isso
causa conflito", escreveu.
Morava sozinho e não tinha filhos.
coluna.obituario@uol.com.br
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