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EDUCAÇÃO
Avaliação do governo beneficia livros da linha construtivista e causa sobe-e-desce no mercado editorial
Guia do MEC aposenta cartilha recordista
MARTA AVANCINI
FERNANDO ROSSETTI
da Reportagem Local
O Guia de Livros Didáticos feito
pelo Ministério da Educação redefiniu o mercado editorial brasileiro com apenas duas edições. A
"baixa" mais notável é a cartilha
"Caminho Suave", que vendeu,
nas últimas décadas, 40 milhões de
exemplares. A editora de mesmo
nome simplesmente fechou.
No outro extremo, a até então
pouco conhecida editora Formato, de Belo Horizonte (MG), saltou
de uma venda de cerca de 1 milhão
de exemplares em 1996 para 6,5
milhões este ano. Teve desempenho semelhante ao da Ática
-uma das gigantes do setor.
Além disso, três das cinco maiores editoras do país venderam menos livros para o PNLD (Programa
Nacional do Livro Didático) este
ano que no ano passado (veja quadro nesta página).
Os números constam do recém-concluído relatório de compra de livros de 1ª a 4ª séries de 97
da FNDE (Fundação Nacional de
Desenvolvimento da Educação),
que compra e distribui livros para
todos os Estados, exceto Minas
Gerais e São Paulo.
Todos os anos, as editoras inscrevem seus livros, que são avaliados por equipes de especialistas de
cada área contratadas pelo governo. Os considerados melhores são
indicados no guia por meio de estrelas (de uma a três).
Em 97, foram distribuídos cerca
de 540 mil guias para as escolas de
todo o país. Os guias são usados
por professores, que selecionam,
por meio das indicações, os livros
que querem adotar.
A própria Abrelivros (Associação Brasileira de Editores de Livros) admite a influência da avaliação no mercado, mas critica a
motivação do governo.
"O sistema do governo está induzindo os professores a escolherem livros de uma determinada linha pedagógica, o construtivismo", afirma Wander Soares, vice-presidente da Abrelivros.
O governo admite estar incentivando essa proposta pedagógica.
"Não vejo problema nisso. É
uma proposta que está apoiada no
que há de mais defendido nas universidades. Queremos que o aluno
vincule o conhecimento a sua realidade", diz Virgínia Rebeis Farha,
diretora do Departamento de Políticas da Secretaria de Educação
Fundamental do Ministério da
Educação e do Desporto.
O editor didático da Formato,
Adilson Rodrigues Pereira, vê uma
relação entre a boa receptividade
de seus livros e os critérios adotados pelo governo.
"Estamos caminhando na direção certa", diz Pereira. A Formato
tem oito títulos em seu catálogo e
possui dois livros entre os cinco
mais pedidos. Esse desempenho
equivale ao da editora Scipione,
que também teve dois títulos entre
os cinco mais pedidos.
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