São Paulo, terça, 25 de novembro de 1997.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

EDUCAÇÃO
Avaliação do governo beneficia livros da linha construtivista e causa sobe-e-desce no mercado editorial
Guia do MEC aposenta cartilha recordista

MARTA AVANCINI
FERNANDO ROSSETTI
da Reportagem Local

O Guia de Livros Didáticos feito pelo Ministério da Educação redefiniu o mercado editorial brasileiro com apenas duas edições. A "baixa" mais notável é a cartilha "Caminho Suave", que vendeu, nas últimas décadas, 40 milhões de exemplares. A editora de mesmo nome simplesmente fechou.
No outro extremo, a até então pouco conhecida editora Formato, de Belo Horizonte (MG), saltou de uma venda de cerca de 1 milhão de exemplares em 1996 para 6,5 milhões este ano. Teve desempenho semelhante ao da Ática -uma das gigantes do setor.
Além disso, três das cinco maiores editoras do país venderam menos livros para o PNLD (Programa Nacional do Livro Didático) este ano que no ano passado (veja quadro nesta página).
Os números constam do recém-concluído relatório de compra de livros de 1ª a 4ª séries de 97 da FNDE (Fundação Nacional de Desenvolvimento da Educação), que compra e distribui livros para todos os Estados, exceto Minas Gerais e São Paulo.
Todos os anos, as editoras inscrevem seus livros, que são avaliados por equipes de especialistas de cada área contratadas pelo governo. Os considerados melhores são indicados no guia por meio de estrelas (de uma a três).
Em 97, foram distribuídos cerca de 540 mil guias para as escolas de todo o país. Os guias são usados por professores, que selecionam, por meio das indicações, os livros que querem adotar.
A própria Abrelivros (Associação Brasileira de Editores de Livros) admite a influência da avaliação no mercado, mas critica a motivação do governo.
"O sistema do governo está induzindo os professores a escolherem livros de uma determinada linha pedagógica, o construtivismo", afirma Wander Soares, vice-presidente da Abrelivros.
O governo admite estar incentivando essa proposta pedagógica.
"Não vejo problema nisso. É uma proposta que está apoiada no que há de mais defendido nas universidades. Queremos que o aluno vincule o conhecimento a sua realidade", diz Virgínia Rebeis Farha, diretora do Departamento de Políticas da Secretaria de Educação Fundamental do Ministério da Educação e do Desporto.
O editor didático da Formato, Adilson Rodrigues Pereira, vê uma relação entre a boa receptividade de seus livros e os critérios adotados pelo governo.
"Estamos caminhando na direção certa", diz Pereira. A Formato tem oito títulos em seu catálogo e possui dois livros entre os cinco mais pedidos. Esse desempenho equivale ao da editora Scipione, que também teve dois títulos entre os cinco mais pedidos.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.