São Paulo, quinta, 25 de dezembro de 1997.



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Crise atrasa obras e afeta 2.450 famílias

da Reportagem Local

O atraso na entrega dos apartamentos do Projeto Cingapura afetou diretamente 2.450 famílias. São mais de 10 mil paulistanos que continuam morando em favelas, alojamentos provisórios e até mesmo em contêineres à espera da casa própria.
Sem dinheiro no caixa, a prefeitura atrasou todo o cronograma do projeto. A previsão para este ano era entregar 5.400 unidades, mas somente 3.450 foram efetivamente colocadas à disposição para os moradores.
Além da falta de verba, provocada, segundo o prefeito Celso Pitta, pelas dívidas deixadas pelo ex-prefeito Paulo Maluf, seu padrinho político, este mês a prefeitura retirou R$ 28 milhões do projeto Cingapura para o pagamento do 13º salário dos funcionários da Câmara Municipal.
Palhaço
O artista circense Wanderley Fernandes Costa, 49, conhecido como palhaço Mamadeira, é um dos 1.440 moradores da favela Lidiane, no bairro do Limão (zona norte da capital), que aguardam os últimos retoques do Cingapura que está sendo construído ao lado do alojamento onde vive hoje com sua família.
Ele diz que a água que chega a seu barracão é "amarelada e fedida". Também reclama da demora na entrega do Cingapura.
"Moramos aqui desde julho de 1996. Prometeram entregar o apartamento em cinco meses, mas já se passou mais de um ano. Estão nos fazendo de palhaço", diz Mamadeira.
E a situação de outros milhares de sem-Cingapura é ainda pior. Os moradores da favela Real Paraisópolis (zona sul) estão há mais de um ano nos alojamentos da prefeitura entre ratos e cupins -que estão comendo as paredes de madeira-, mas as obras do Cingapura ainda estão no início.



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