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Bóia-fria ganha carros e faz ceia
com boi e champanhe francês
EDMILSON ZANETTI
em São José do Rio Preto
Champanhe francês, vinho italiano, cachaça, tender, arroz, feijão, pimenta, saladas e um boi.
Esses são alguns dos itens que
vão compor a ceia de Natal de
Cláudio Diniz, 25, que até um mês
atrás era bóia-fria, mas hoje está
prestes a virar empresário do setor
de transporte coletivo.
Ele convidou não só parentes,
mas um grupo de cerca de 70 amigos do povoado de Leliveldia, distrito de Berilo (MG), no Vale do
Jequitinhonha, para compartilhar
sua primeira "festa com fartura".
"Vou mandar matar um boi."
Vida nova
A vida de Diniz "mudou" em
novembro, depois de dez anos no
corte de cana pelo interior paulista. Com R$ 13 (dinheiro de um dia
de trabalho), ele comprou uma
cartela de bingo do time do América de São José do Rio Preto (451
km a noroeste de São Paulo).
Ganhou quatro carros, no valor
aproximado de R$ 100 mil: dois
Corsa, um Vectra e uma camionete Silverado. No corte da cana, teria de trabalhar quase 30 anos para
receber esse dinheiro.
No sábado passado, Diniz voltou
ao sítio "Bem-vinda", onde sua
mãe mora, no Vale do Jequitinhonha. Foi recebido com rojões pelos
amigos.
Chegou de ônibus, porque ainda
não sabe dirigir direito. Um amigo
teve de buscar o Corsa em Palmares Paulista (395 km a noroeste de
São Paulo), onde morava em um
alojamento de bóias-frias.
Os outros três carros, Diniz vendeu. O dinheiro está na poupança.
Agora, ele planeja comprar uma
empresa de ônibus na sua cidade.
"Vai ser o melhor Natal de minha vida", diz. "Nos outros anos,
era um vinhozinho, um peru, e ralando bastante para comprar.
Agora tenho até champanhe francês. Tenho direito de escolher."
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