São Paulo, sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

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Difícil pra cachorro

Donos de cães não conseguem vagas para seus bichos em época de festas; diária chega a R$ 100 e há opções até para quem quer fazer acompanhamento pela internet

VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

Não são só as pousadas e hospedarias do litoral norte de São Paulo, de Florianópolis e do Rio de Janeiro que estão lotadas no Natal e no Réveillon. Desde novembro, a maioria dos hotéis para cachorro -que chegam a cobrar R$ 100 de diária- também não tem vagas para as festas de fim de ano.
Com dois hotéis, um de campo, outro urbano -R$ 50 a diária e 40 vagas em cada um deles-, o canil Bicho da Cidade tem lista de espera de dez cachorros. No sítio de Barueri (Grande São Paulo) ficam as raças de maior porte e que passam mais tempo. Já o alojamento do Itaim Bibi (zona oeste) é para os cães pequenos e que não ficarão mais de uma semana longe dos donos.
"Esta época de fim de ano até próximo do Carnaval é a alta estação para os hotéis caninos", diz Neide Oliveira, responsável pelo gerenciamento do hotel.
Por lá, seis tratadores e um veterinário de plantão cuidam dos bichos 24 horas por dia. Como a maioria dos "hóspedes" são fregueses, a equipe diz que já conhecem bem os hábitos dos animais e dos donos.
"Já ligaram até no dia de Natal pedindo para colocar o telefone perto do cachorro para escutar o latido. Tenho de fazer, não tem jeito", afirma Neide.
Com a procura grande, ela tem indicado colegas da concorrência, que também não têm mais vagas.
Para os donos das raças pit bull e rottweiler, a situação é pior: nenhum canil costuma aceitá-los pela agressividade dos animais com os tratadores.
"Esses gostam muito de encrenca, não dá para soltar junto com os outros cachorros. Eles mordem, como vou colocar comida?", explica Neide.
Noutro canil de grande porte, a nomenclatura de hotel não poderia ser mais apropriada. Para os 60 animais com reserva para hoje e o Réveillon, a Dogwalker exige que o dono leve uma mala com ração, escova de dente, toalha e outros objetos pessoais dos cachorros.

Big brother
Os 14 tratadores não deixam os cães presos. Todos ficam soltos e fazem recreação (que inclui piscina, playground e sala de descanso) durante todo o dia, para ficarem exaustos à noite e caírem no sono.
Com tantos paparicos, a lista de espera já passa de 30 cãezinhos, que ficam sob câmeras durante a hospedagem para que os donos, de onde estiverem, acompanhem a bicharada pela internet. A diária é de R$ 100 para a véspera e para o dia de Natal e para o Réveillon.
"Estamos desenvolvendo também um site de relacionamento de cachorros, tipo o Orkut, para os donos se conhecerem", diz a dona do canil, Raquel Yukie Hama.
Para quem não tem com quem deixar os animais, a Dogwalker abriu uma creche, exatamente como a destinada às crianças: os donos deixam os bichos pela manhã, eles comem, se divertem e voltam para casa no começo da noite.
"É muito difícil conseguir vaga. Sempre deixo para a última hora. Não tenho onde deixar, vai ter de ficar comigo mesmo. O cachorro fica estressado com os fogos, late muito, os vizinhos reclamam", diz a veterinária Elea Vituzzo, dona do chihuahua Zé Pequeno, de nove meses, e de outros sete cachorros.


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