São Paulo, segunda, 26 de janeiro de 1998.



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TRÂNSITO
Lojas de SP vendem acessórios não originais de qualidade duvidosa
Equipamentos podem gerar falsa segurança

ANDRÉ LOZANO
da Reportagem Local

Comprar dois dos equipamentos básicos exigidos pelo novo código nacional de trânsito -cinto de três pontos e encosto de cabeça- pode não garantir a segurança de motoristas e passageiros.
O Contran (Conselho Nacional de Trânsito) incluiu, na última sexta-feira, entre outros acessórios obrigatórios, o cinto de segurança de três pontos em todos os bancos -inclusive o de trás (passageiros).
A Folha percorreu no sábado lojas de acessórios de carros do centro de São Paulo e constatou que, usando-se peças do mercado paralelo, a um custo quase cinco vezes inferior ao das peças originais, esses dois equipamentos podem ser colocados apenas para driblar a fiscalização, uma vez que podem ser mal-instalados e não ter garantia de qualidade.
Por exemplo, um par de cintos de segurança de três pontos, não original e fixo (não retrátil), pode ser encontrado por R$ 30 em uma loja da avenida Duque de Caxias. Em outras lojas da mesma região, o par do mesmo tipo de cinto -só que original e retrátil- custa entre R$ 140 e R$ 220.
Os próprios vendedores e gerentes das lojas -que não querem se identificar- admitem que muitos cintos paralelos não oferecem segurança -o náilon da fita é mais fraco, as costuras são poucas e as partes metálicas dos encaixes, por serem finas, funcionam como uma lâmina, que corta o cinto, em caso de freadas bruscas.
No entanto, os comerciantes acabam vendendo o produto porque alegam que muitos consumidores, alguns deles proprietários de veículos velhos, não querem investir tanto para ter um carro em conformidade com o novo código.
Vendedores dizem que muitos clientes preferem "quebrar um galho". Ao mesmo tempo, existem os vendedores que sabem da má qualidade de alguns cintos, mas os vendem para o consumidor que diz querer gastar menos.
Deixar de usar cinto de segurança é infração grave, de cinco pontos, com multa de R$ 115,33.
O mesmo problema de segurança fictícia acontece com os encostos de cabeça -equipamento de proteção do pescoço.
Em média, o par desse equipamento custa R$ 120, instalado. No entanto, algumas lojas adaptam os encostos pela metade do preço -R$ 60. Isso porque, na adaptação barata, são feitos apenas dois furos no encosto do banco, para a fixação do acessório, que fica solto. Na instalação mais cara, o equipamento fica preso a uma barra de ferro, introduzida no encosto do carro -o que encarece o serviço.
Portanto, com R$ 90 (R$ 30 do cinto e R$ 60 do encosto) o proprietário de um veículo pode adaptar dois dos equipamentos básicos exigidos pela nova lei, passar pela fiscalização, mas não estar realmente seguro.
Já a segurança com certificado de garantia, não só para guarda ver, vale entre R$ 240 e R$ 340.
Mas a lei exige outros acessórios, como o retrovisor do lado direito. Esse equipamento para o Gol, por exemplo, custa entre R$ 25 e R$ 70.



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