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VIOLÊNCIA
Francisco José Lins do Rego Santos, que investigava a máfia dos combustíveis, foi morto na tarde de ontem no centro de Belo Horizonte
Promotor é assassinado a tiros em Minas
RANIER BRAGON
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
O promotor de Justiça da Vara
de Defesa do Consumidor de Belo
Horizonte Francisco José Lins do
Rego Santos, 43, foi assassinado a
tiros no início da tarde de ontem,
momentos depois de parar seu
carro no sinal de trânsito de uma
movimentada rua da região sul da
capital mineira.
De acordo com testemunhas,
uma motocicleta branca que
transportava dois homens -a
placa estaria coberta com fita adesiva- emparelhou com o carro
de Santos, um Golf verde, ano
1996, momento em que o ocupante da garupa teria sacado uma arma e disparado vários tiros.
O crime ocorreu em um dos
cruzamentos do bairro Cidade
Jardim, área nobre da cidade. A
moto saiu em disparada em direção ao centro da cidade e, até a
conclusão desta edição, não havia
pistas sobre os assassinos.
A principal suspeita levantada
ontem é a de que o promotor teria
sido morto devido à sua atuação
na apuração da existência de uma
suposta máfia que estaria adulterando combustível em Minas.
O assassinato mobilizou as polícias Civil e Militar, que cercaram
as saídas da cidade e fizeram operações em algumas favelas.
No local do crime, foram encontradas 16 cápsulas, provavelmente disparadas de uma pistola
automática. No corpo do promotor havia pelo menos cinco perfurações visíveis, no rosto, pescoço,
peito e braços.
O governador Itamar Franco
(PMDB), que estava ontem em
São Paulo, antecipou sua volta à
cidade e se reuniria durante a noite com o comando das polícias e
com representantes do Ministério
Público. Por determinação do superintendente da Polícia Federal,
Agílio Monteiro, a PF também vai
investigar o caso.
Devido à atuação do Ministério
Público, mais de 20 postos de gasolina foram fechados no ano
passado na Grande Belo Horizonte. No início do mês, oito pessoas
que fariam parte da quadrilha tiveram a prisão preventiva decretada pela Justiça, mas não foram
presas -ou por estarem foragidas ou por terem conseguido o relaxamento da prisão.
Segundo a promotoria, a principal suspeita sobre o que teria motivado o crime recai sobre a atuação do promotor nessa investigação: "Essa deve ser a linha de apuração para que possamos identificar os autores desse crime", disse
o procurador-geral do Estado,
Nedens Ulisses Freire Vieira.
Segundo ele, já foi garantida
proteção policial aos outros sete
promotores que fazem parte do
grupo que investiga os combustíveis adulterados. A promotoria
designou também vários promotores e procuradores para acompanhar e participar das investigações policiais.
Santos também trabalhava em
casos de falsificação de remédios,
de propaganda enganosa, e fez
parte do grupo de promotores
que investiga uma possível facilitação na fuga do traficante Luiz
Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, de uma das carceragens da Polícia Civil em Belo
Horizonte, fato ocorrido em 1997.
O promotor era casado -estaria indo se encontrar com a mulher- e tinha dois filhos. Ele era
parente do escritor paraibano José Lins do Rego (1901-1957) e trabalhava no Ministério Público de
Minas havia 15 anos.
Tinha passado por comarcas do
interior e por uma das varas criminais de BH. Seu velório seria
iniciado ainda na noite de ontem,
no prédio do Ministério Público.
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