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CLIMA
Em Copacabana, foi a maior chuva dos últimos dez anos; carros foram arrastados e bairros nobres ficaram sem luz
Temporal pára o Rio e deixa dois mortos
PEDRO SOARES
TALITA FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DO RIO
Um forte temporal parou o Rio
de Janeiro na madrugada de ontem. Em Copacabana, segundo a
Defesa Civil, foi registrada a
maior chuva dos últimos dez
anos. Um homem e uma mulher
morreram eletrocutados na Lapa,
bairro boêmio da região central.
Veículos tombaram ou foram arrastados pela correnteza. Faltou
luz em diversos bairros nobres.
Quem estava nas ruas viveu momentos de apreensão: teve de dirigir no escuro, sem semáforos, e
atravessar vários pontos alagamento com a água chegando a bater no capô do carro. Foram 35
trechos alagados só na zona sul,
área mais afetada. A água inundou subsolos de lojas e garagens.
"Estava indo para uma festa no
Jardim Botânico [zona sul" e a impressão que dava era que se a gente tivesse uma prancha, podia pegar onda na rua. Os ônibus passavam, e a gente via que a pista, que
estava alagada, havia sido transformada em mar", disse o comerciário Márcio Orsini, 29.
Segundo a Polícia Militar, a queda de uma fiação numa rua alagada causou a morte das duas pessoas. Eletrocutados, os dois foram
levados pelos bombeiros ao Hospital Souza Aguiar já mortos. Eles
foram encontrados juntos e tinham ido à Lapa assistir ao show
em comemoração dos dez anos
do grupo Afroreggae.
O rapaz foi identificado como
Luciano de Jesus dos Santos, 20.
Trabalhava em uma empreiteira
que prestava serviços para a Petrobras. Inicialmente, a Polícia
Militar divulgou que a mulher,
identificada como Karla Passos
Vassinon, 23, estava grávida. Sua
família, no entanto, negou essa
versão. Ela era moradora da Lapa.
Por causa de uma falha na subestação Frei Caneca (centro) da
Light, boa parte dos bairros da zona sul e o centro ficaram às escuras. Faltou eletricidade no Leme,
Flamengo, Laranjeiras, Botafogo,
Glória (todos na zona sul), Tijuca
e Rio Comprido (zona norte),
além da região central. A Light informou que ainda apura as causas
da pane elétrica que interrompeu
o fornecimento das 22h30 de anteontem à 0h30 de ontem.
Houve queda de barreiras e deslizamentos de terra em três pontos da cidade: na estrada da Grota
Funda (zona oeste) e nos morros
do Vidigal e Rocinha (zona Sul).
O bairro mais atingido foi Copacabana. A chuva chegou a 170
mm (cada milímetro equivale a
um litro de água por metro quadrado). Foi o recorde dos últimos
anos. O volume superou em mais
de três vezes o que a Defesa Civil
do município considera como
uma chuva forte -40 mm. Várias
ruas do bairro ficaram alagadas.
Na avenida Atlântica, à beira-mar, motoristas subiram as calçadas para escapar do alagamento.
"Foi a primeira vez que alagou o
subsolo da minha loja. Perdi mais
de 50 fitas de desenhos raros",
disse Luís Carlos Mendes, dono
de uma locadora de vídeos na rua
Figueiredo de Magalhães.
Segundo informações não confirmadas pela polícia, um grupo
tentou, em um arrastão, assaltar
motoristas que estavam parados
no trânsito na rua da locadora.
Mendes foi um dos muitos comerciantes da região que passaram a manhã de ontem tirando
lama de suas lojas. A poucos metros da locadora, a garagem de
um prédio foi inundada por mais
de um metro de água.
O túnel Rebouças, principal ligação entre as zonas sul e norte, ficou fechado a madrugada toda
em razão de vários carros quebrados e de pontos de alagamento.
Segundo o coordenador da Defesa Civil municipal, coronel João
Carlos Mariano, a chuva também
atingiu a Barra da Tijuca, São Conrado, Guaratiba e Recreio dos
Bandeirantes, na zona oeste.
Em São Conrado, dezenas de
garrafas de refrigerante, pedaços
de madeira e lixo encalharam no
canal que desemboca na praia. Segundo o diretor da Companhia
Municipal de Limpeza Urbana,
Edson Rufino, apenas amanhã será encerrada a limpeza no bairro,
bastante afetado pela lama que
desceu da favela da Rocinha.
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