DA REPORTAGEM LOCAL

O cardeal-arcebispo de São Paulo, dom Cláudio Hummes, aproveitou a missa em comemoração dos 450 anos da fundação da cidade para criticar as desigualdades sociais em São Paulo. "A cidade tem muitos contrastes, e as desigualdades sociais chegam a ser abissais", afirmou o cardeal, durante a homilia.
Cerca de 1.300 pessoas assistiram a missa na catedral da Sé, que completou 50 anos ontem. Do lado de fora, foi montado um telão para que o público pudesse acompanhar a cerimônia.
Dom Cláudio Hummes disse que o desafio que os governos devem enfrentar é acabar com esses problemas. Ele não criticou nenhum político em particular. Participaram da missa, entre outros, a prefeita Marta Suplicy, o governador Geraldo Alckmin e o presidente em exercício, José Alencar.
O cardeal lembrou que a riqueza e a miséria vivem lado a lado na quarta maior cidade do mundo e que a igreja quer unir esforços ao poder público para tentar reduzir as desigualdades. "A igreja tem um compromisso de estar sempre a serviço do povo paulistano."
Logo no início da celebração, o núncio apostólico (representante do Vaticano no Brasil) Lorenzo Baldisseri leu uma mensagem do papa João Paulo 2º para o aniversário da cidade, feita a pedido do vice-prefeito, Hélio Bicudo.
O papa ressaltou a "visão magnânima" do beato José de Anchieta na construção do Pátio do Colégio, que viria a ser São Paulo.
"Amparar os pobres e marginalizados com uma justa distribuição da riqueza, defender a família e a vida desde a sua concepção até o seu termo natural, acolher os migrantes e favorecer uma justa distribuição do trabalho, enriquecer a cultura e estimular sempre mais o ensino, público e privado, em todos os níveis, dar segurança ao povo. Eis, entre outros, os motivos pelos quais acompanho de perto vossas ânsias e esperanças", escreveu o papa.
As músicas foram executadas pela orquestra jovem Baccarelli, formada por 30 adolescentes da favela Heliópolis.



Texto Anterior: Operário chora em cerimônia
Próximo Texto: Bairro receberá relíquia de Anchieta
Índice