São Paulo, sexta-feira, 26 de janeiro de 2007

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Alvo de protestos, Kassab enfrenta manifestantes

No evento de inauguração da reforma da Sé, prefeito ouve "fora, Kassab" e retruca com grito de "São Paulo, São Paulo"

Autores de ato, alguns com broches do PT, vêem ação antimendigo na nova praça da Sé, entregue ontem, na festa de 453 anos da cidade

Moacyr Lopes Júnior/Folha Imagem
Manifestantes pedem "fora, Kassab' em ato contra o que chamam de política higienista na cidade


EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O prefeito Gilberto Kassab (PFL) foi alvo de protestos ontem, nas comemorações do aniversário de São Paulo. E enfrentou os manifestantes.
Ao sair da missa na Catedral da Sé, Kassab foi acompanhado por cerca de 150 pessoas que pediam moradias populares e protestavam contra o que chamam de "política higienista".
O protesto foi organizado pela União do Movimento de Moradores de São Paulo, liderado por militantes do PT, a maioria deles ostentando broches com a estrela do partido.
Aos gritos de "fora, Kassab", os manifestantes cercaram o prefeito e uma comitiva de assessores na praça da Sé, que estava sendo reinaugurada após uma reforma que durou oito meses e custou R$ 4,1 milhões.
Para desespero de seus seguranças, o prefeito foi para o meio dos manifestantes e, nos degraus de uma das escadas da praça, respondeu com gritos de "São Paulo, São Paulo".
Secretários e assessores, visivelmente constrangidos, acompanharam o prefeito nos gritos.
Kassab nega ter enfrentado o grupo. "Eu apenas me associei à grande maioria daqueles que estavam na praça para comemorar a bela entrega da praça."
O protesto começou na missa celebrada pelo administrador apostólico de São Paulo, d. Manuel Parrado, na Sé. Manifestantes ergueram cartazes contra a chamada "política higienista", pela qual, segundo eles, os moradores de rua são expulsos dos espaços públicos.
Um exemplo seria a construção de "barreiras antimendigo" na Sé reformada -a instalação de canteiros para vetar o banho no lago artificial e bancos menores que dificultam que moradores de rua durmam no local.
Apesar disso, a Folha flagrou um morador de rua nadando no lago após a inauguração.
Para o padre Júlio Lancellotti, a prefeitura quer expulsar os moradores de rua. "Não queremos que as pessoas morem nos bancos, queremos que tenham moradia. Mas está claro que existe uma política higienista."
Na missa, assessores do governo teriam pedido que o protesto fosse suspenso. Em troca, a prefeitura marcaria reunião para discutir as reivindicações.
Já na cerimônia oficial de aniversário, no Pátio do Colégio (local onde São Paulo foi fundada), novamente os manifestantes fizeram barulhento protesto, com faixas, cartazes e muitas vaias a Kassab e ao governador José Serra (PSDB) -que também estava presente e ouviu críticas ao discursar.
Para Kassab, os protestos foram políticos. "São maus políticos, que têm, infelizmente, o viés de estragar a festa mais importante da cidade, que é a festa de seu aniversário."


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