São Paulo, sábado, 26 de janeiro de 2008

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Homem é detido com US$ 1,3 mi em mala

Identificado pela PF apenas como Song, brasileiro desembarcou em Cumbica com dinheiro não-declarado escondido em envelopes

Ele deve ser indiciado por falsidade ideológica por ter mentido na declaração alfandegária; Song não havia constituído advogado

VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

Fiscais da Receita Federal apreenderam na manhã de ontem cerca de US$ 1,3 milhão (R$ 2,31 milhões) em dinheiro vivo não-declarado de posse de um passageiro brasileiro de ascendência chinesa no aeroporto de Cumbica, em Guarulhos.
As cédulas, em notas de cem, novinhas em folha, estavam escondidas em oito envelopes pardos de revista, com inscrições em ideogramas, trazidos numa mala despachada, que media um metro e era identificada com fitas verde-amarelas e um código de barras.
O passageiro, que teve apenas o sobrenome revelado, Song, 48, é natural de Maringá (PR), e vinha da China continental, com conexão em Frankfurt para o vôo 8741 da Varig, que chegou às 7h30. Ele apresentou passaporte brasileiro, tem residência fixa no país e fala português.
Por volta das 9h, agentes da Receita, numa inspeção aleatória, desconfiaram da atitude e do volume de bagagens de Song, que trazia outras duas malas grandes (com roupas e objetos pessoais), mas havia afirmado na "declaração de bagagem acompanhada" que não trazia "quantia superior a R$ 10 mil ou o equivalente em moeda estrangeira".
Foi detido por agentes da Polícia Federal e levado ao posto da alfândega para contagem do dinheiro. Por lei, o acusado é obrigado a acompanhar o procedimento para que não haja desencontro de valores. Até as 19h de ontem a contagem ainda não havia sido concluída, e o montante de US$ 1,3 milhão era declarado pelo suspeito.
A última apreensão de valores tão altos como o de ontem foi há três anos, segundo a Receita Federal de Cumbica. Em média, há uma apreensão de dinheiro não-declarado por semana no aeroporto.
Só depois do somatório das cédulas, das quais eram feitas cópias em xerox, uma a uma, para registro da numeração, é que Song seria levado para depor na delegacia da Polícia Federal no aeroporto. Nem a PF nem o Fisco quiseram revelar o nome completo de Song antes de ele prestar depoimento. Numa busca por antecedentes criminais, nada foi encontrado.
Song, diz o delegado Vladimir Pacine Schinkarew, deve ser indiciado por falsidade ideológica por ter mentido na declaração alfandegária.
"Tudo indica que possa haver lavagem de dinheiro, se for declarada a origem ilícita", diz.

Investimentos
Até ontem à noite Song não havia constituído advogado. À Receita Federal disse que trabalhava com investimentos e trazia empresário chineses para negócios no Brasil.
O dinheiro ficará sob custódia do Banco Central. E só a quantia equivalente a R$ 10 mil em dólares, o valor permitido por lei, seria devolvido a Song, afirmava o Fisco.
Ainda segundo o delegado Schinkarew, Song poderia incorrer em crime financeiro se trocasse o US$ 1,3 milhão por moeda nacional à revelia do Banco Central, sem provar a origem legal da quantia.


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