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Homem é detido com US$ 1,3 mi em mala
Identificado pela PF apenas como Song, brasileiro desembarcou em Cumbica com dinheiro não-declarado escondido em envelopes
Ele deve ser indiciado por falsidade ideológica por ter mentido na declaração alfandegária; Song não havia constituído advogado
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DA REPORTAGEM LOCAL
Fiscais da Receita Federal
apreenderam na manhã de ontem cerca de US$ 1,3 milhão
(R$ 2,31 milhões) em dinheiro
vivo não-declarado de posse de
um passageiro brasileiro de ascendência chinesa no aeroporto de Cumbica, em Guarulhos.
As cédulas, em notas de cem,
novinhas em folha, estavam escondidas em oito envelopes
pardos de revista, com inscrições em ideogramas, trazidos
numa mala despachada, que
media um metro e era identificada com fitas verde-amarelas
e um código de barras.
O passageiro, que teve apenas o sobrenome revelado,
Song, 48, é natural de Maringá
(PR), e vinha da China continental, com conexão em
Frankfurt para o vôo 8741 da
Varig, que chegou às 7h30. Ele
apresentou passaporte brasileiro, tem residência fixa no
país e fala português.
Por volta das 9h, agentes da
Receita, numa inspeção aleatória, desconfiaram da atitude e
do volume de bagagens de
Song, que trazia outras duas
malas grandes (com roupas e
objetos pessoais), mas havia
afirmado na "declaração de bagagem acompanhada" que não
trazia "quantia superior a
R$ 10 mil ou o equivalente em
moeda estrangeira".
Foi detido por agentes da Polícia Federal e levado ao posto
da alfândega para contagem do
dinheiro. Por lei, o acusado é
obrigado a acompanhar o procedimento para que não haja
desencontro de valores. Até as
19h de ontem a contagem ainda
não havia sido concluída, e o
montante de US$ 1,3 milhão
era declarado pelo suspeito.
A última apreensão de valores tão altos como o de ontem
foi há três anos, segundo a Receita Federal de Cumbica. Em
média, há uma apreensão de dinheiro não-declarado por semana no aeroporto.
Só depois do somatório das
cédulas, das quais eram feitas
cópias em xerox, uma a uma,
para registro da numeração, é
que Song seria levado para depor na delegacia da Polícia Federal no aeroporto. Nem a PF
nem o Fisco quiseram revelar o
nome completo de Song antes
de ele prestar depoimento. Numa busca por antecedentes criminais, nada foi encontrado.
Song, diz o delegado Vladimir Pacine Schinkarew, deve
ser indiciado por falsidade
ideológica por ter mentido na
declaração alfandegária.
"Tudo indica que possa haver
lavagem de dinheiro, se for declarada a origem ilícita", diz.
Investimentos
Até ontem à noite Song não
havia constituído advogado. À
Receita Federal disse que trabalhava com investimentos e
trazia empresário chineses para negócios no Brasil.
O dinheiro ficará sob custódia do Banco Central. E só a
quantia equivalente a
R$ 10 mil em dólares, o valor
permitido por lei, seria devolvido a Song, afirmava o Fisco.
Ainda segundo o delegado
Schinkarew, Song poderia incorrer em crime financeiro se
trocasse o US$ 1,3 milhão por
moeda nacional à revelia do
Banco Central, sem provar a
origem legal da quantia.
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