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Vídeos produzidos por traficantes do Rio são colocados no YouTube
Pelo menos 10 cenas estão no site; elas mostram confronto com a polícia no Rio
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
Filmes produzidos por traficantes estão na internet. Nos
últimos meses, bandidos de favelas do subúrbio têm veiculado imagens de tiroteios na rede.
Pelo menos dez cenas curtas
estão postadas no YouTube, site que armazena e compartilha
vídeos. De no máximo 30 segundos, as imagens foram registradas na Vila Cruzeiro e na
Chatuba, favelas vizinhas na
Penha, zona norte do Rio.
Nas seqüências, os traficantes não mostram o rosto. São
filmados com as armas e em supostas ações contra a polícia.
Ficam em lajes e casas.
As imagens não têm boa qualidade e devem ter sido registradas por câmeras de telefones celulares. Nas gravações, é
possível identificar algumas
ruas de acesso aos dois morros.
A Vila Cruzeiro é uma das favelas mais violentas da zona
norte. Em 2002, o jornalista
Tim Lopes foi capturado por
traficantes quando fazia uma
reportagem na Vila Cruzeiro.
Ao ser descoberto por traficantes, Lopes foi levado ao
morro da Grota, onde foi esquartejado e queimado em
pneus, método conhecido como ""microondas" e usado para
apagar vestígios dos corpos.
Em 2007, a Vila Cruzeiro foi
palco de diversos tiroteios. Dezenas de pessoas morreram.
Além das cenas feitas pelos
traficantes nas favelas, um filme com cenas de incursões e
investigações produzido provavelmente por integrantes do
serviço reservado da PM virou
hit no camelódromo do Rio.
Com o título ""Tropa de Elite
3", o DVD de cerca de 70 minutos é vendido por R$ 10 por ambulantes no Mercado Popular
da Uruguaiana. Na fita pirata,
policiais trocam tiros, prendem
e matam supostos traficantes.
No ""Tropa de Elite 3", as cenas, quase todas registadas em
2005, são de cinco morros de
Niterói. As seqüências mostram prisões, remoções de corpos, confissões de traficantes,
além de investigações policiais.
Com uma trilha sonora com
raps e funks, o filme mostra como funciona uma boca de fumo
e apresentam um personagem
novo na hierarquia do tráfico
-o ""atividade". A função é semelhante a de um ""olheiro",
que tem a função de avisar, por
meio de um rádiotransmissor,
aos traficantes no alto do morro sobre a chegada da polícia. O
""atividade" também vigia a entrada da favela armado. Um traficante presos na função disse
ganhar R$ 400 por semana.
A cientista social Silvia Ramos disse ter ficado ""perplexa"
ao tomar conhecimento das cenas no YouTube e do ""Tropa de
Elite 3". ""É um fenômeno novo,
mas acho positivo. Sei que é um
horror, que as imagens podem
ser manipuladas, mas acaba tirando da favela o assunto. Há
anos os moradores falam sobre
isto conosco, mas esta violência
começa a deixar de ser clandestina", disse Silvia, coordenadora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Faculdade Cândido Mendes.
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