São Paulo, segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

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JILÇÁRIA CRUZ COSTA (1932-2009)

Tia Doca e o pagode aos domingos

FÁBIO GRELLET
DA SUCURSAL DO RIO

Durante mais de 30 anos, domingo foi dia de pagode dos bons no quintal da casa de Jilçária Cruz Costa, a Tia Doca, em Madureira (zona norte do Rio). Por lá passaram nomes como Clara Nunes, Zeca Pagodinho e Dudu Nobre. Ontem, porém, o samba deu lugar à tristeza: aos 76 anos, a pastora da Velha Guarda da Portela morreu, oito dias após passar mal e ser internada.
No dia 17, por volta das 22h, Tia Doca sofreu um derrame e estava internada desde então. O velório vai ocorrer a partir das 7h de hoje na quadra da Portela e o enterro será às 16h no cemitério do Irajá, menos de um mês antes do Carnaval.
"O mundo do samba perde mais um baluarte", lamentou Tia Surica, 68 anos, colega de Velha Guarda da Portela. "O pagode que ela comandava fez história e a presença dela fará muita falta, mas ele precisa continuar."
O sambista Dudu Nobre conheceu Tia Doca há 30 anos. "Comecei a frequentar o pagode dela aos cinco anos, levado por minha mãe. Aos 12 passei a ir sozinho e ela sempre se preocupava comigo, vinha perguntar se precisava de algo." O pagode ficará suspenso durante duas semanas e então vai recomeçar, segundo o sambista, que disse já ter conversado sobre isso com um filho de Doca.
Tia Doca integrava uma família de sambistas. Sua mãe, Albertina Aragão, era porta-bandeira da escola Prazer da Serrinha, que deu origem ao Império Serrano.

obituario@grupofolha.com.br


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