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Polícia investiga falsificação de parecer
ANTÔNIO GOIS
da Reportagem Local
O novo Conselho Nacional de
Educação assume no momento
em que a autorização de pareceres para funcionamento de cursos
está sendo investigada pela Polícia Federal.
A principal denúncia veio à tona quando um parecer favorável à
criação de cursos na Faculdade
Elite chegou às mãos de Takeo
Futami, dono da instituição, em
fevereiro de 1999, antes mesmo de
ser aprovado pelo Conselho Nacional de Educação.
Futami é dono também das Faculdades Torricelli, que, como a
Elite, tem sede em Guarulhos.
O advogado de Futami, Osvaldo
Malara de Andrade, afirma que
não houve falsificação. "O que foi
entregue ao meu cliente foi um
modelo de parecer, ainda não assinado e sem nenhuma validade."
Ele diz que quem entregou o parecer foi Cecílio Pinto, especialista
em assessoria educacional contratado pela Elite para encaminhar o projeto. Cecílio é dono da
Protec Administração Contábil e
de Pessoal, empresa com sede em
Brasília.
Malara acusa Pinto de ter entregue esse modelo de parecer a Futami com o objetivo de antecipar
o pagamento da última parcela
que faltava do contrato.
"O Cecílio Pinto nos enganou e
agiu de má fé ao tentar convencer
o meu cliente de que o parecer já
estava aprovado e só faltava a publicação em Diário Oficial, quando, na verdade, ele ainda nem havia sido votado. Vamos processá-lo", diz Malara.
O caso chamou a atenção dos
conselheiros quando Futami foi a
Brasília saber o motivo do parecer
ainda não ter sido publicado.
Uma das acusações feitas ao dono da Faculdade Elite é a de que
ele afirmou, no Conselho, "que já
havia pago por isso".
"Ele, na verdade, disse que já
havia pago pela assessoria de Cecílio. Para meu cliente, tudo já estava aprovado e não havia razão
para tanta demora na publicação", diz o advogado.
O contrato assinado entre a Elite e a Protec previa o pagamento
de R$ 60 mil para a aprovação de
seis cursos. Malara afirma que já
havia pago R$ 40 mil a Cecílio
quando descobriu que os cursos
ainda não haviam sido aprovados
pelo CNE.
"Não há nenhuma ilegalidade
nesse tipo de contrato. Nós pagamos pelo serviço de assessoria e
condicionamos o pagamento de
uma parte do serviço à aprovação
dos cursos no conselho", afirma o
advogado da Elite.
As Faculdades Elite e Torricelli
ficam no centro de Guarulhos e a
primeira turma começou as aulas
neste ano. Mesmo após a confusão envolvendo o mantenedor, o
CNE e Cecílio Pinto, o MEC e o
CNE autorizaram, em outubro e
novembro do ano passado, o funcionamento de sete cursos.
As cinco primeiras turmas da
faculdade, que começaram a estudar na semana passada, contam
com 50 alunos, cada. A meta da
instituição é oferecer mil vagas
por ano.
Os cursos já aprovados da instituição são os de comércio exterior, engenharia elétrica, secretariado executivo, ciências contábeis, administração, marketing e
gestão da informação.
A Folha tentou entrar em contato com Cecílio Pinto. A reportagem deixou recado no telefone celular de Cecílio e na sede de sua
empresa, em Brasília, na tarde de
quinta e de sexta-feira. Até 19h de
ontem, Cecílio ainda não havia
entrado em contato com a Folha.
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