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Lago volta a receber água a partir de sábado
Tampão provisório será colocado no vertedouro que se rompeu na segunda-feira, permitindo novamente o acúmulo de água
Frequentadores encontraram portões do parque fechados ontem; em visita ao local, Kassab disse que o acidente não foi por falta de reforma
MARIANA BARROS
DA REPORTAGEM LOCAL
O lago do parque da Aclimação, que teve todo o seu volume
tragado na última segunda,
quando se rompeu a estrutura
que controla o nível de água,
deve começar a ser enchido a
partir deste sábado. Um tampão provisório será colocado no
vertedouro, permitindo novamente o acúmulo de água.
Quem foi ontem ao parque
encontrou os portões trancados. Apenas uma das entradas
continha o aviso: "O parque ficará fechado até segunda ordem". Até a conclusão desta
edição, a Secretaria do Verde e
do Meio Ambiente não havia
informado se o parque será reaberto hoje. Segundo o secretário, Eduardo Jorge, o local foi
fechado para impedir que as
pessoas entrassem na área do
lago e para facilitar o resgate do
cisne que permanecia no local.
O tampão, colocado em contrato emergencial de R$ 160
mil com a empresa Épura, é
uma solução imediata até que
se inicie uma obra mais complexa. Estimado em R$ 20 milhões e com licitação em cerca
de quatro meses, o projeto inclui intervenções não só no lago, que ficará mais fundo, mas
também nos córregos Pedra
Azul e Jurubatuba, alterando o
sistema de drenagem. A obra
deve ficar pronta em 2010.
Das grelhas da rua Oscar
Guanabarino, ao lado do parque, é comum sair água de refluxo das galerias misturada ao
excesso de água expelido pelo
vertedouro. "É um chafariz",
diz a dona-de-casa Neide Moraes Fera, 66, moradora. Ela e a
professora Maria Olinda Carreira, 65, apontavam rachaduras no asfalto provocadas pelo
volume de água tragado do lago
pelas galerias. As casas de ambas têm comportas para conter
enchentes que ocorrem há décadas -em uma cheia, peixes
do lago absorvidos pelo sistema
foram parar em seus jardins.
De acordo com a secretaria
do Verde, até o ano passado o
lago recebia ao menos 42 ligações de esgoto clandestino.
"Grande parte da água que chegava aqui era do esgoto", disse
Jorge, acrescentando que a
despoluição melhorou o cheiro
do lago e que a estação de tratamento da Sabesp, que funcionava oito horas por dia, passou
a operar 24 horas. Ainda assim,
quando o lago secou, havia
pneus, galões, papéis e latas.
Lodo
Segundo Jorge, o lodo acumulado sob a água deve estar
contaminado e será retirado
em uma etapa posterior. Na última segunda, diversos frequentadores enfrentaram o lodo para resgatar os peixes que
se debatiam no fundo do lago e
afirmaram que os funcionários
do parque não ajudaram.
"Não providenciaram nem
baldes nem lanternas para ajudar, apenas mandavam a gente
sair, mas os bichos estavam
morrendo", afirma o músico
Waldir Borges, 45, que diz ter
cortado as mãos nas escamas
dos peixes que transportou.
Ontem, o secretário negou
que os funcionários tenham se
recusado a auxiliar no resgate e
afirmou que a preocupação era
orientar as pessoas a não entrarem no lago. Ele afirmou ainda
que nenhuma das 42 aves do local morreu no acidente. Para a
prefeitura, o parque só será reaberto se o lago for cercado, impedindo novos acessos.
Ontem, em visita ao parque,
o prefeito Gilberto Kassab
(DEM) disse que o acidente não
foi causado por falta de reforma
ou manutenção do vertedouro,
mas pelo excesso de chuva -de
acordo com ele, inédita nos últimos 40 anos na região.
"Há 40 anos [quando o equipamento foi projetado] tínhamos outra permeabilidade na
cidade, era outro contexto e estava adequado", disse, negando
que reformas ou vistorias pudessem ter impedido o rompimento do vertedouro, tornando o equipamento condizente
com o atual fluxo de água. Anteontem, a informação da prefeitura era que o vertedouro fora implantado há 70 anos,
quando o parque foi criado.
Segundo o CGE (Centro de
Gerenciamento de Emergências), não é possível dizer que a
chuva que atingiu o local na segunda tenha sido a mais forte
em décadas.
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