São Paulo, domingo, 26 de março de 2000


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EDUCAÇÃO
Prédio histórico de SP onde Rose Neubauer se formou tem paredes descascadas e laboratórios desativados
Descuido deteriora escola de secretária

ADRIANA SOUZA SILVA
da Reportagem Local

A escola estadual Padre Anchieta, em São Paulo, patrimônio histórico tombado, está se deteriorando. Fundada em 1913, a ex-Escola Normal, localizada no Brás (Centro), foi um dos dez primeiros estabelecimentos de ensino construídos em São Paulo para a formação de futuras professoras, entre elas a atual secretária da Educação do Estado, Rose Neubauer, formada em 1962.
Nos corredores, por onde costumavam passar integrantes da elite paulistana do início do século, hoje há sinais de degradação. Muros pichados, paredes descascadas e laboratórios desativados formam um cenário que pouco consegue contar a história do famoso educandário.
Para Sônia Silveira Inglês, 55, ex-colega de sala da secretária e atual professora da rede estadual, a Padre Anchieta não deveria ter chegado a esse estado.
"As questões políticas estão ocupando o tempo da Rose. Cada vez mais, vejo que ela vem esquecendo do que aprendeu sobre um ensino mais humano", afirma.
"Apesar de termos feito uma boa reforma no ano passado, sabemos que o prédio antigo precisa de um restauro, o que deverá demorar um pouco devido à abertura da licitação para executar as obras", diz a secretária Rose Neubauer.
A escola do Brás não é exceção entre os prédios do ensino público que necessitam de reformas. Outras escolas da rede estadual foram visitadas pela Folha, a convite de associação de pais, alunos e líderes comunitários.
A situação mais grave foi encontrada na Escola Estadual Paulino Nunes Esposo, em Parelheiros (zona sul).
Pelo menos três salas estão desativadas e outras dez comprometidas por conta de vazamentos ocasionados pelo entupimento das calhas.
O prédio, que também tem telhas quebradas, espera por uma solução há mais de cinco anos, de acordo com pais e moradores.
Pesquisa de 99 da CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação) aponta que as escolas de São Paulo têm entre seus principais problemas a precariedade das instalações físicas (pintura, piso, rede hidráulica e elétrica, sanitários e telhado).
Um estudo da Apeoesp (sindicato dos professores da rede estadual) revela que 61% das salas de aula têm instalações inadequadas, 23% têm iluminação insuficiente e 35%, vidros quebrados.
Os dados foram divulgados em 97. Mas, segundo a presidente da entidade, Maria Izabel Noronha, "de lá para cá, a situação piorou".
Na Padre Anchieta, as paredes do prédio histórico foram restauradas há quase dez anos. No ano passado, foram resolvidos problemas mais emergenciais, como reparos na rede elétrica e conserto do telhado que, segundo alunas, ameaçava cair.
Atualmente, as aulas do ensino fundamental e médio acontecem num segundo prédio construído no local, em 1959, ao lado da unidade hoje tombada. Suas instalações também requerem pintura.
No prédio histórico, há apenas três classes em atividade, para as aulas do magistério, além de salas trancadas que acumulam pó.


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