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EDUCAÇÃO
Prédio histórico de SP onde Rose Neubauer se formou tem paredes descascadas e laboratórios desativados
Descuido deteriora escola de secretária
ADRIANA SOUZA SILVA
da Reportagem Local
A escola estadual Padre Anchieta, em São Paulo, patrimônio histórico tombado, está se deteriorando. Fundada em 1913, a ex-Escola Normal, localizada no Brás
(Centro), foi um dos dez primeiros estabelecimentos de ensino
construídos em São Paulo para a
formação de futuras professoras,
entre elas a atual secretária da
Educação do Estado, Rose Neubauer, formada em 1962.
Nos corredores, por onde costumavam passar integrantes da
elite paulistana do início do século, hoje há sinais de degradação.
Muros pichados, paredes descascadas e laboratórios desativados
formam um cenário que pouco
consegue contar a história do famoso educandário.
Para Sônia Silveira Inglês, 55,
ex-colega de sala da secretária e
atual professora da rede estadual,
a Padre Anchieta não deveria ter
chegado a esse estado.
"As questões políticas estão
ocupando o tempo da Rose. Cada
vez mais, vejo que ela vem esquecendo do que aprendeu sobre um
ensino mais humano", afirma.
"Apesar de termos feito uma
boa reforma no ano passado, sabemos que o prédio antigo precisa de um restauro, o que deverá
demorar um pouco devido à
abertura da licitação para executar as obras", diz a secretária Rose
Neubauer.
A escola do Brás não é exceção
entre os prédios do ensino público que necessitam de reformas.
Outras escolas da rede estadual
foram visitadas pela Folha, a convite de associação de pais, alunos
e líderes comunitários.
A situação mais grave foi encontrada na Escola Estadual Paulino Nunes Esposo, em Parelheiros (zona sul).
Pelo menos três salas estão desativadas e outras dez comprometidas por conta de vazamentos
ocasionados pelo entupimento
das calhas.
O prédio, que também tem telhas quebradas, espera por uma
solução há mais de cinco anos, de
acordo com pais e moradores.
Pesquisa de 99 da CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação) aponta que
as escolas de São Paulo têm entre
seus principais problemas a precariedade das instalações físicas
(pintura, piso, rede hidráulica e
elétrica, sanitários e telhado).
Um estudo da Apeoesp (sindicato dos professores da rede estadual) revela que 61% das salas de
aula têm instalações inadequadas,
23% têm iluminação insuficiente
e 35%, vidros quebrados.
Os dados foram divulgados em
97. Mas, segundo a presidente da
entidade, Maria Izabel Noronha,
"de lá para cá, a situação piorou".
Na Padre Anchieta, as paredes
do prédio histórico foram restauradas há quase dez anos. No ano
passado, foram resolvidos problemas mais emergenciais, como
reparos na rede elétrica e conserto
do telhado que, segundo alunas,
ameaçava cair.
Atualmente, as aulas do ensino
fundamental e médio acontecem
num segundo prédio construído
no local, em 1959, ao lado da unidade hoje tombada. Suas instalações também requerem pintura.
No prédio histórico, há apenas
três classes em atividade, para as
aulas do magistério, além de salas
trancadas que acumulam pó.
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