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SAÚDE
Para Sucen, clima frio e baixa densidade demográfica entre Sorocaba e o Vale do Ribeira dificultam chegada da epidemia
Dengue não atinge região sul de São Paulo
ALESSANDRA KORMANN
DA AGÊNCIA FOLHA
Apesar de já haver mais de 5.500
casos de dengue em São Paulo
neste ano, a região sul do Estado
continua livre da epidemia. A área
que vai de Sorocaba até o Vale do
Ribeira, na divisa com o Paraná,
ainda não foi atingida pela doença
-nunca houve casos na história
praticamente em toda a região.
A exceção é Itariri (150 km a sudoeste de São Paulo). Em 1998,
surgiram dois casos no município. Como era apenas um foco localizado, foi possível eliminar o
mosquito da cidade.
De acordo com o superintendente da Sucen (Superintendência de Controle de Endemias),
Luís Jacinto da Silva, isso ocorre
por causa da menor densidade
demográfica e do clima mais frio.
"As condições da região sul do
Estado não favorecem a propagação da doença. É uma área mais
fria, com inverno mais rigoroso.
Também é uma região predominantemente rural, com cidades
menores, mais distantes umas das
outras e com menor interação entre elas, o que torna menos provável que as pessoas levem o vírus
de um lugar para outro."
O tempo frio dificulta a proliferação da dengue, pois aumenta o
ciclo na água do Aedes aegypti,
transmissor da doença, e também
o tempo de multiplicação do vírus
dentro do mosquito. Além disso,
no calor ele vive mais e pica com
mais frequência.
Atualmente, os municípios da
região não estão infestados pelo
mosquito. A Sucen considera que
há infestação quando não há
perspectiva de reduzir a propagação do mosquito a curto prazo,
seja por controle químico ou por
campanhas de prevenção.
Só neste ano Sorocaba começou
a ser considerada infestada. Até a
semana passada, não havia sido
registrado nenhum caso autóctone (contraído no próprio município) -os 34 casos confirmados
na cidade são importados.
Mais de 30 municípios da região
estão promovendo intensas campanhas para evitar o começo de
uma epidemia, que pode chegar a
qualquer momento. "O mosquito
não obedece fronteiras municipais", diz o prefeito de Sorocaba,
Renato Amary (PSDB), que aumentou de 60 para cem o número
de funcionários envolvidos no
combate à doença e está utilizando até um helicóptero para identificar possíveis criadouros.
De acordo com a diretora do
Departamento de Controle de Vetores da Sucen, Carmen Moreno
Glasser, os meses mais propícios
para que haja uma explosão da
doença são março e abril. "Podemos ter em março uma explosão
muito maior do que no ano passado." O agravante neste ano é
que já há casos no Estado provocados pelo tipo 3, o mais grave no
Brasil. Foram registrados casos
em Campinas, Cordeirópolis, Penápolis, Araçatuba e Guarulhos.
A presença do vírus tipo 3 aumenta a possibilidade de que haja
dengue hemorrágica, segundo alguns especialistas. Existem quatro sorotipos -o 4 ainda não foi
detectado no país.
Até ontem, havia quatro casos
de dengue hemorrágica confirmados no Estado: três em Campinas e um em Santos. Ainda não há
nenhuma morte registrada.
No ano passado, São Paulo enfrentou a maior epidemia de sua
história, com mais de 50 mil casos. Neste ano, já são 5.518 casos
autóctones confirmados, segundo relatório da Sucen do dia 18.
Mas, segundo a diretora da Sucen,
para cada caso confirmado há pelo menos mais dez que não são
notificados, porque muitas pessoas confundem os sintomas com
os de uma gripe forte e não procuram um médico.
A dengue provoca febre, dores
fortes na cabeça, no fundo dos
olhos, nas articulações, além de
enjôos, vômitos e manchas avermelhadas pelo corpo.
Os únicos Estados em que não
há dengue são Santa Catarina e
Rio Grande do Sul.
Colaboraram ADRIANA CHAVES, FERNANDA KRAKOVICS e KÁTIA BRASIL, da
Agência Folha
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