São Paulo, quarta-feira, 26 de março de 2008

Texto Anterior | Índice

SÉRGIO DE SOUZA

Jornalista, idealista da "Caros Amigos"

JUCA KFOURI
COLUNISTA DA FOLHA

Quando Bertolt Brecht escreveu que havia homens imprescindíveis porque lutavam a vida inteira, certamente pensou em alguém como o jornalista Sérgio de Souza. Quando Miguel de Cervantes imaginou seu cavaleiro magro, alto e inconformado com as injustiças, talvez conhecesse alguém como Souza viria a ser numa carreira que fez do jornalismo, verdadeiramente, um sacerdócio.
O paulistano Serjão adentrou a profissão na Folha da Manhã, em 1958. Foi revisor, repórter e editor. Entre tantos trabalhos que desempenhou vida afora tinha orgulho de ter fundado e editado as revistas Realidade e Bondinho, que fizeram história no jornalismo brasileiro. Dirigiu ainda o jornalismo da Rede Tupi de Televisão, levou Osmar Santos para a rádio Globo e comandou a redação paulista do Fantástico.
São raros os textos assinados por ele, embora alguns dos melhores já publicados país afora tenham a marca de seu lápis cuidadoso e perfeccionista, sensível e voltado para um mundo melhor.
Há mais de uma década, Serjão dirigia seu último projeto, a revista "Caros Amigos", que ele próprio fundou -razão pela qual morre pobre e sem nenhum bem, exceção feita à convicção do que fez ao Brasil.
Morreu ontem, aos 73, em São Paulo, de falência múltipla dos órgãos. Deixa sete filhos, dez netos e um a caminho, além da companheira Lana Novikow. Deixa, também, um lápis, preto, número 2.


obituario@folhasp.com.br

Texto Anterior: Mortes
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.