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SEQUESTRO
Wellington diz que perdoou criminosos
"Corte da orelha foi o pior momento"
ÁULUS RINCON GODINHO
Agência Folha, em Goiânia
O compositor e comerciante Wellington José de Camargo, 28, disseque os piores momentos vividos
no cativeiro foram quando lhe cortaram parte da orelha esquerda e o
agrediram após ameaçá-lo de
morte com um fuzil AR-15.
Wellington afirmou que sempre
pedia a Deus que não o deixasse
morrer de forma tão banal e brutal.
"Eu tive medo da morte. Eles diziam que, se a minha família não
pagasse, eles me matariam, que
não teria jeito de me soltarem sem
o pagamento."
Evangélico há quatro anos, Wellington disse nunca ter perdido a
esperança de viver. "Eles chegaram a me agredir. Foi quando eles
queriam que eu dissesse onde morava um dos filhos dos meus irmãos. Como eu me neguei a responder, eles me bateram."
Ele disse que, ao ficar sabendo
que os sequestradores iriam cortar
sua orelha, pediu que fosse amarrado e que eles tapassem sua boca.
"Com certeza, essa foi a pior hora,
porque o corte doeu muito."
Wellington afirmou que já perdoou os sequestradores -uma vez
que "só Deus pode condenar alguém". Ele fez um alerta "às pessoas famosas".
"Gostaria que o que aconteceu
comigo servisse de exemplo e que
as pessoas famosas não expusessem seus familiares, uma vez que,
infelizmente, algumas pessoas no
Brasil ainda confundem fama com
riqueza", disse.
Depoimento
Wellington prestou depoimento
durante mais de uma hora no Grupo Anti-Sequestro da Delegacia
Estadual de Investigações Criminais. A polícia disse que não divulgaria o depoimento para não atrapalhar as investigações.
Irmão dos cantores Zezé di Camargo e Luciano, Wellington foi
sequestrado em 16 de dezembro de
98 e solto na noite do último dia 20.
Ele ficou 94 dias em poder dos sequestradores. A família havia pago
resgate de US$ 300 mil. No dia seguinte à liberação, a polícia já havia conseguido prender 20 pessoas
suspeitas e recuperar US$ 261.400.
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