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INFÂNCIA
Novo centro de recepção e triagem de menores que vivem nas ruas começará a funcionar amanhã no centro da cidade
Governo recua e reabre o SOS Criança
GABRIELA ATHIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo estadual recuou e decidiu reabrir um abrigo nos moldes do SOS Criança, fechado no
último dia 5. A nova instituição
deverá começar a funcionar a partir de amanhã na rua Cleveland,
no Bom Retiro (região central).
A instituição, que ainda não tem
nome, estará aberta durante 24
horas como um centro de recepção e triagem de crianças e adolescentes que vivem nas ruas. Também poderá ser usada como um
abrigo provisório por 48 horas.
Maria Helena Necchi, adjunta
da Secretaria da Assistência e do
Desenvolvimento Social, diz que
o abrigo será usado quando as
crianças não puderem ser reintegradas imediatamente às famílias
e quando não houver vaga em nenhuma das 39 instituições conveniadas com o Estado.
O "novo SOS" receberá menores trazidos pela polícia e os encaminhados por conselhos tutelares
ou pela Justiça.
O fechamento do SOS Criança
provocou um caos na rede de
atendimento dos menores carentes que vivem nas ruas, segundo
revelou reportagem da Folha publicada na segunda-feira.
Sem ter para onde levar os menores, a polícia começou a encaminhá-los para o Conselho Tutelar da Sé, que não dispõe de cama,
comida ou assistente social.
Já o Fórum Central do Ipiranga
e o do Jabaquara, os que mais recebem as chamadas crianças em
"situação de risco" (que fugiram
de casa ou foram vítimas de violência física e sexual), estavam
com dificuldade de conseguir vagas nas instituições conveniadas.
Depois do fechamento do SOS,
elas alegaram estar superlotadas.
Os conselhos da infância (o municipal e os tutelares que atuam na
capital) entraram com uma ação
no Ministério Público pedindo a
reativação de um serviço de triagem e recepção permanente.
Parceria com a prefeitura
Maria Helena diz que o fechamento do SOS Criança fez parte
de um plano de descentralizar o
atendimento aos menores do centro para os bairros.
Mas esse serviço seria feito em
parceria com a Prefeitura de São
Paulo, que alega ainda não ter recursos para isso.
"Estamos gastando energia para
resolver o problema do SOS e dos
meninos que já estão nas ruas,
mas precisamos trabalhar nas
causas que os levaram a sair de casa e dar apoio às famílias para que
possam receber seus filhos de volta", afirmou Maria Helena.
Nelson Proença, novo secretário da Assistência e do Desenvolvimento Social do governo Geraldo Alckmin (PSDB), disse que um
dos "eixos da secretaria" será o
aglutinamento da sociedade civil.
"É indispensável que haja uma
comunhão absoluta entre governo e sociedade na área da assistência social", afirmou Proença,
que tomou posse ontem no Palácio dos Bandeirantes (a transmissão oficial do cargo será amanhã).
Seu antecessor, Edsom Ortega,
foi criticado pelos conselhos da
infância e pelas instituições assistenciais financiadas pelo Estado
pela falta de diálogo.
Proença, médico por formação,
disse estar entrando na área de assistência como um homem alinhado com as diretrizes do PSDB
para a cidade de São Paulo.
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