São Paulo, quinta-feira, 26 de abril de 2001

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INFÂNCIA

Novo centro de recepção e triagem de menores que vivem nas ruas começará a funcionar amanhã no centro da cidade

Governo recua e reabre o SOS Criança

GABRIELA ATHIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

O governo estadual recuou e decidiu reabrir um abrigo nos moldes do SOS Criança, fechado no último dia 5. A nova instituição deverá começar a funcionar a partir de amanhã na rua Cleveland, no Bom Retiro (região central).
A instituição, que ainda não tem nome, estará aberta durante 24 horas como um centro de recepção e triagem de crianças e adolescentes que vivem nas ruas. Também poderá ser usada como um abrigo provisório por 48 horas.
Maria Helena Necchi, adjunta da Secretaria da Assistência e do Desenvolvimento Social, diz que o abrigo será usado quando as crianças não puderem ser reintegradas imediatamente às famílias e quando não houver vaga em nenhuma das 39 instituições conveniadas com o Estado.
O "novo SOS" receberá menores trazidos pela polícia e os encaminhados por conselhos tutelares ou pela Justiça.
O fechamento do SOS Criança provocou um caos na rede de atendimento dos menores carentes que vivem nas ruas, segundo revelou reportagem da Folha publicada na segunda-feira.
Sem ter para onde levar os menores, a polícia começou a encaminhá-los para o Conselho Tutelar da Sé, que não dispõe de cama, comida ou assistente social.
Já o Fórum Central do Ipiranga e o do Jabaquara, os que mais recebem as chamadas crianças em "situação de risco" (que fugiram de casa ou foram vítimas de violência física e sexual), estavam com dificuldade de conseguir vagas nas instituições conveniadas. Depois do fechamento do SOS, elas alegaram estar superlotadas.
Os conselhos da infância (o municipal e os tutelares que atuam na capital) entraram com uma ação no Ministério Público pedindo a reativação de um serviço de triagem e recepção permanente.

Parceria com a prefeitura
Maria Helena diz que o fechamento do SOS Criança fez parte de um plano de descentralizar o atendimento aos menores do centro para os bairros.
Mas esse serviço seria feito em parceria com a Prefeitura de São Paulo, que alega ainda não ter recursos para isso.
"Estamos gastando energia para resolver o problema do SOS e dos meninos que já estão nas ruas, mas precisamos trabalhar nas causas que os levaram a sair de casa e dar apoio às famílias para que possam receber seus filhos de volta", afirmou Maria Helena.
Nelson Proença, novo secretário da Assistência e do Desenvolvimento Social do governo Geraldo Alckmin (PSDB), disse que um dos "eixos da secretaria" será o aglutinamento da sociedade civil.
"É indispensável que haja uma comunhão absoluta entre governo e sociedade na área da assistência social", afirmou Proença, que tomou posse ontem no Palácio dos Bandeirantes (a transmissão oficial do cargo será amanhã).
Seu antecessor, Edsom Ortega, foi criticado pelos conselhos da infância e pelas instituições assistenciais financiadas pelo Estado pela falta de diálogo.
Proença, médico por formação, disse estar entrando na área de assistência como um homem alinhado com as diretrizes do PSDB para a cidade de São Paulo.


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