São Paulo, quinta-feira, 26 de abril de 2001

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ÔNIBUS


Estudo preliminar apresentado à prefeitura mostra que valor arrecadado hoje não mantém despesas do transporte

Dados da Fipe indicam aumento da tarifa

ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL

Estudo preliminar da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da USP) indica uma necessidade de aumentar a tarifa de ônibus em São Paulo, atualmente em R$ 1,15.
O secretário municipal dos Transportes, Carlos Zarattini, disse ontem que parte dos dados recebidos pela prefeitura mostra que os valores arrecadados hoje não são suficientes para manter as despesas do transporte coletivo.
"O estudo aponta um custo do transporte que não é remunerado pela tarifa como ela é hoje e que vai exigir um grau de decisão da prefeitura", afirmou. "Nós procuramos o tempo todo um caminho alternativo a isso (aumento da tarifa). Mas estamos vendo as dificuldades de curto prazo."
Segundo Zarattini, a necessidade de elevação do valor da passagem vai se agravar por causa da negociação salarial dos condutores. O dissídio da categoria, que quer reajuste de 20%, já está sendo discutido este mês. As viações dizem que não podem oferecer nada. "Quanto mais os motoristas conseguirem, mais aumenta esse custo do transporte. Os salários representam 70% das despesas."
A pesquisa da Fipe foi encomendada porque a prefeitura desconfiava das planilhas apresentadas pelos empresários de ônibus. Os dados finais devem ser entregues ainda esta semana.
Com a queda na quantidade de passageiros (de 120 milhões para 90 milhões mensais nos últimos três anos), as viações dizem que seria necessário R$ 1,35 por pessoa para cobrir os gastos. Para haver investimentos no sistema, como a renovação da frota, elas reivindicam uma tarifa de R$ 1,55.
A administração petista vai convidar especialistas no dia 4 para mostrar a pesquisa da Fipe e discutir a concessão de subsídios, que minimizariam o percentual de reajuste da tarifa. A tendência inicial era que a prefeitura seguisse outros municípios da Grande São Paulo, que já cobram R$ 1,40.
Zarattini ressaltou "atenuantes" do aumento da tarifa de ônibus. Segundo ele, "esse impacto é zero" para mais de metade dos 4 milhões de passageiros transportados por dia, que recebem vale-transporte ou têm a condução paga pelos empregadores.
Ele voltou nesta semana dos EUA, onde pediu ao Bird (Banco Mundial) linhas de financiamento para que as viações comprem ônibus não-poluentes. "Eles disseram que estão adotando uma política de privilegiar regiões com nível de pobreza maior, mas ficaram de estudar."


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