São Paulo, quinta-feira, 26 de abril de 2001

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TRADIÇÃO

Parque de 100 mil m2, que será retomado pelo zoológico e reaberto em 15 de maio, não terá mais animais ferozes

Estado assume Simba, que perderá atrações

SÉRGIO DURAN
DA REPORTAGEM LOCAL

O Simba Safari como é conhecido há 30 anos chega ao fim na próxima segunda-feira. A partir de 15 de maio, será reaberto com nova característica. A decisão é da Fundação Parque Zoológico de São Paulo, vinculada ao governo do Estado, que retoma a área de 100 mil m2 onde funciona a atração, no Jabaquara (zona sul).
O espaço era arrendado ao empresário Francisco Luiz Galvão, dono da Safari Tech. No próximo semestre, a fundação que administra o zoológico abre licitação para escolher o novo responsável pelo parque. Galvão adianta que não participará da concorrência.
É o fim do Simba porque, apesar de o zoológico planejar reabri-lo, não será mais o mesmo parque. Modificações serão feitas no local, a começar pela adoção de outro nome. O atual pertence a Galvão.
Segundo o diretor do zoológico, André Luiz Perondini, a decisão de romper o contrato foi tomada pelo conselho que administra a fundação, formado por 12 especialistas em zootecnia. "A concessão da área foi renovada várias vezes, mas está em desacordo com a lei das licitações [de 1993", que determina a obrigatoriedade da concorrência", afirma.
Além de outro nome, o parque será reaberto sem sua principal atração: os animais ferozes (tigres siberianos, leões e ursos). Os bichos do Simba são diferentes dos que estão nas jaulas do zoológico ou em um circo. Eles não são domesticados, e sim condicionados. Dessa maneira, eles terão de ficar presos até que os novos administradores adquiram experiência.
Perondini diz que está tentando contratar uma parte dos 58 funcionários do Simba Safari, mas não tem certeza se irá conseguir. Para compensar a falta das principais atrações do parque, o zoológico pretende reduzir em cerca de 20% o preço do ingresso.
Hoje, varia de R$ 11 (com veículo do parque) a R$ 21,50 (com veículo próprio). Crianças de até 12 anos não pagam, sendo que o limite é de cinco por carro.
"Eu acho muito inteligente da parte deles que confinem os animais por enquanto. Realmente pode ser um risco", considera Francisco Luiz Galvão.
De acordo com o empresário, ele tentou protelar a retomada da área do Simba Safari. "A minha idéia era ficar uns dois anos e meio treinando o novo pessoal, enquanto construía o novo parque em outro local, mas não foi possível fazer isso", diz.

Risco
Para Galvão, é arriscado uma empresa que não tenha experiência cuidar do local. "Mesmo que seja uma organização estrangeira, como as norte-americanas, que têm "know-how", é difícil. O problema não é só lidar com animais selvagens, mas também com o público brasileiro", considera.
Criado em 1971, como Parque dos Leões, o Simba Safari foi crescendo, e, em 1972, já era um sucesso. Em 30 anos, foram mais de 8,5 milhões de visitantes. Em determinados períodos, chegou-se a 40 mil visitas por mês.
O Simba mantém em áreas demarcadas cerca de 300 animais soltos. São espécies como o tigre siberiano, em risco de extinção, que, no ano passado, conseguiu se reproduzir no parque, rendendo três filhotes.
A fertilidade dos animais do Simba era uma das peculiaridades do local. Em março, o parque apresentou o nascimento de 32 novos filhotes -11 de macacos-pregos, um de macaco-aranha, 11 de veados e 9 de emas.
"Quando iniciei esse trabalho não pensei que ficaria aqui por tanto tempo", diz Galvão.



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