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SEGURANÇA
Integrantes da elite da polícia têm firma de segurança e são suspeitos de realizar investigações paralelas
Policiais são acusados de usar escuta clandestina para fazer espionagem
ALEXANDRE HISAYASU
DA REPORTAGEM LOCAL
Duas empresas de segurança
privada, cujos sócios são policiais
de departamentos de elite da Polícia Civil, são alvo de investigação
pela Polícia Federal, pelo Ministério Público Estadual e pela própria polícia paulista por suspeita
de espionagem e investigação paralela por meio de escutas telefônicas sem autorização da Justiça.
As empresas Spy Cops (policiais
espiões) e Marte Vigilância e Segurança Patrimonial, segundo as
apurações, usam as escutas ilegais
para atuar em investigações paralelas de crimes envolvendo seus
clientes -como roubo e ameaça
de seqüestro- e também em casos de espionagem.
As empresas também são suspeitas de fazer escutas, com minigravadores, usando espiões. Cada
escuta telefônica custaria de R$
3.500 a R$ 5.000 por semana.
Entre os clientes das duas empresas estão executivos de multinacionais, bancos, escritórios de
advocacia, construtoras e juízes.
Em depoimento à Polícia Federal, o perito criminal Samuel Alves de Melo Neto, 39, e o papiloscopista João Charles Ferreira, 34,
ambos do DHPP (Departamento
de Homicídios e de Proteção à
Pessoa), declararam que são sócios da Spy Cops, que seria responsável por elaborar laudo com
as transcrições das gravações ilegais que seriam feitas pela Marte
Vigilância e Segurança.
Segundo os depoimentos dos
policiais, o responsável pela Marte é o investigador Cláudio da Silva Santos, que trabalha na Delegacia Geral de Polícia. Santos, porém, ainda não foi ouvido pela PF.
À Folha, os três negaram as acusações (leia texto na pág. C3).
Investigação
Em março deste ano, o Dipo
(Departamento de Inquéritos Policiais e Polícia Judiciária) expediu
mandado de busca e apreensão
nas duas empresas após receber
denúncia de que elas faziam escutas telefônicas ilegais.
Na Spy Cops, policiais federais
apreenderam oito CDs com gravações telefônicas, uma pasta
com extratos telefônicos de aparelhos fixos e celulares, relatório
de cruzamento de ligações telefônicas, aparelho para escuta ambiental, entre outros.
Em uma das filiais da Marte, na
zona sul, a PF encontrou 11 fitas
cassetes, 16 CDs, dois gravadores,
uma máquina fotográfica, além
de um equipamento de escuta.
Segundo o delegado da PF Armando Rodrigues Coelho Neto,
diversas irregularidades administrativas foram encontradas. A
Marte foi autuada por mudar de
endereço e de contrato social sem
autorização da PF, além de estar
com o certificado de segurança
vencido. E a Spy Cops, por desvio
de finalidade para fins ilícitos.
Ainda não foi concluída a perícia do material, mas, para a PF, há
indícios fortes de que as empresas
faziam as escutas ilegais.
A Polícia Federal instaurou procedimento para fechar definitivamente as duas empresas. A conclusão demora, em média, até seis
meses. Enquanto isso, o Ministério Público e a polícia paulista investigam quem foram as vítimas
das escutas ilegais e os responsáveis pela contratação do serviço.
Casos
No depoimento à PF, o perito e
o papiloscopista afirmaram que a
empresa fez escutas ilegais em pelo menos dois casos.
Alguns dos CDs apreendidos na
sede da empresa pela PF são parte
da investigação da Spy Cops sobre
um assalto sofrido pelo diretor-superintendente de uma multinacional, no final de 2004.
A Spy Cops passou a investigar
o caso a pedido da vítima, segundo o depoimento de Ferreira. Segundo ele, como algumas descobertas sobre os autores do crime
poderiam comprometer a vida
pessoal do executivo, este teria
pedido a suspensão dos trabalhos.
O papiloscopista disse também
que a Spy Cops foi contratada por
um juiz de Campos do Jordão que
pediu para investigar o seu filho.
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