São Paulo, terça-feira, 26 de abril de 2005

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EDUCAÇÃO

Material, comprado pela Prefeitura de SP desde 2001 para ser utilizado nas aulas, está quebrado ou "encostado"

120 kits para rádio na escola estão sem uso

AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL

Cento e vinte kits de equipamento de rádio comprados para as escolas municipais na gestão passada estão "encostados" ou quebrados, segundo levantamento preliminar da Secretaria Municipal da Educação de São Paulo.
Cada um dos kits contém mesa de som com oito canais, um transmissor, seis receptores, um toca-CDs, três microfones e oito gravadores, entre outros materiais, com custo hoje de R$ 6.000.
Em pesquisa da secretaria com escolas participantes do projeto educom.rádio, das 244 unidades que receberam equipamentos, só 124 responderam que eles estão funcionando. E a maioria dos que estão em uso serve apenas para animar eventos ou festas. Somente 59 (24,2%) são adotados no processo educacional.
A rádio nas escolas tem um alcance de cerca de cem metros.
"Nossa proposta para este ano é primeiro fazer diagnóstico das 59 unidades que usam o equipamento como ferramenta pedagógica, para melhorar a oralidade e a escrita do aluno. Depois, oferecer oficinas de prática radiofônica para quem não usa o kit adequadamente. Educadores que realmente aprenderam podem ensinar os outros", disse a secretária-adjunta da Educação, Iara Prado.
Segundo ela, caberia à administração passada ter feito um acompanhamento do uso desse material. Uma saída apontada por ela é transferir os equipamentos subutilizados para outras escolas.
A ex-secretária municipal da Educação, Cida Perez, afirmou que o uso do kit "depende muito do estímulo da secretaria", que deve reforçar a importância da rádio e acompanhar as escolas.
Desde 2001, a USP faz a formação de professores e alunos por meio desse programa -no total, quase 10 mil pessoas passaram pelas oficinas. Foram atendidas 455 escolas, mas 211 ainda esperam o material de rádio chegar.
Segundo a ex-secretária, foi feito "minidiagnóstico" do programa em 2004, cuja conclusão foi que o ideal é formar também alunos da 5ª e 6ª série no programa -porque os de 7ª e 8ª, que faziam as oficinas, logo deixavam a escola, enfraquecendo o uso da rádio.
Outro problema é a transferência de professores que participaram da formação no programa para outras escolas.
Ela disse que a intenção da secretaria era comprar todos os equipamentos no ano passado, mas as três empresas que podiam fornecê-los apresentaram preços 70% acima do mercado.
Iara Prado, da gestão tucana, disse que deve planejar com as coordenadorias de educação a aquisição dos kits que faltam. Das 320 escolas que responderam ter intenção de manter o programa, 76 ainda não possuem material.
O professor da USP Ismar de Oliveira Soares, supervisor do educom.rádio, disse que já propôs à secretaria fazer uma avaliação profunda do programa e um reforço na aprendizagem.


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