São Paulo, terça-feira, 26 de abril de 2005

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SAÚDE

Compras foram superfaturadas

Fraude com remédio desvia R$ 2,2 mi em MT

HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE

A Polícia Civil de Mato Grosso informou ontem que fraudes na compra de medicamentos deram prejuízo de R$ 2,2 milhões ao Estado. "Há fortes indícios" de que o esquema ocorra ainda no AM, PA, SE, TO, PE, MA, MS e GO, disse a delegada Maria Alice Barros. Barros e a delegada Alana Cardoso disseram ontem que foram indiciadas 12 pessoas.
A fraude em Mato Grosso ocorreu de janeiro a junho de 2003. No período, a Secretaria de Estado da Saúde comprou R$ 6,5 milhões em medicamentos de alto custo (usados por portadores de Alzheimer e Aids, entre outras).
A compra estava superfaturada em R$ 2.229.568. A investigação começou com a troca da comissão de licitação da secretaria, no segundo semestre de 2003.
Segundo a polícia, o empresário André Rodrigues Oliveira, dono da Diagmed, em Cuiabá (MT), usou documentos falsos, autenticados como verdadeiros pelo escrevente do cartório do 5º Ofício em Goiânia (GO) Marcos Antônio Batista de Souza. Esses documentos seriam cartas apresentadas por Oliveira como prova de que era o fornecedor exclusivo em Mato Grosso de remédios fabricados por multinacionais.
Como a Diagmed passava por fornecedor único, a secretaria dispensou licitação e contratou a empresa por valor superfaturado. A fraude, diz a polícia, conta com três funcionários do governo.
No dia 13 passado, as delegadas fizeram buscas e apreensões em Goiânia. Oliveira representava em Cuiabá a Medcomerce e a Milênio Produtos Hospitalares.
Foram apreendidos carimbos na casa do escrevente Souza. A polícia disse que ele confessou ter vendido folhas em branco, com o carimbo. Na Medcomerce e na Milênio, teriam sido apreendidos 10 mil documentos autenticados.
Luis Eduardo Branquinho, dono da Medcomerce em Goiânia, nega participação. Marcos Antônio Batista de Souza negou o crime e disse que a fraude foi cometida pela Medcomerce.
A reportagem não conseguiu contatar Leonardo de Souza Rezende, dono da Milênio, ontem. Branquinho, cujo irmão Luis Antônio é sócio da Milênio, disse que essa última empresa apenas tinha o empresário André Rodrigues Oliveira como representante em Cuiabá, a exemplo da Medcomerce. O advogado de Oliveira disse que não falaria com a imprensa.


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