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MULTIUSO
Manequins são substituídos por idéias não-convencionais, como uma sala de estar para o público
Cliente vira parte da vitrine na Lorena
DANIELA TÓFOLI
DA REPORTAGEM LOCAL
No lugar dos manequins, duas
poltronas dos anos 60, uma mesa de centro e revistas de moda
antigas. Há 40 dias, quem passa
em frente à loja Jackie Usava, na
alameda Lorena, Jardins (zona
oeste de São Paulo), se surpreende com a vitrine. Transformada
em sala de estar, ela tem sempre
modelos diferentes: as próprias
clientes do estabelecimento.
Na manhã de ontem, a estilista
Vera Castro e a gerente Mônica
Soares conversavam enquanto
tomavam um cafezinho. Nem se
lembravam de que eram observadas por quem passava na rua.
Em busca de alguma peça nova
para o guarda-roupa, aproveitaram para bater papo enquanto
decidiam o que levar. "Entrei na
loja por causa da vitrine. A idéia
é muito diferente", dizia Vera.
Mônica sempre fica alguns minutos a mais na loja. "É aconchegante, dá vontade de ficar o dia
todo. A gente pode experimentar a roupa e sentar aqui, ver se
ela é confortável", diz.
"Queria essa interação. Não
gostava da impessoalidade das
manequins e achava importante
passar o conceito do "sentir-se
bem" da nossa marca", diz Annete Shpaisman, diretora comercial da Jackie Usava.
A diretora de arte Ana Vera
Ankonoviski agradece. Freqüentadora da vitrine, ela tem
bons momentos de diversão nas
poltronas. "Geralmente venho
com uma amiga e observamos o
pessoal passar na rua. A gente dá
até nota para as roupas", conta.
Aos sábados, ela pára para tomar champanhe e comer um pedaço de bolo na sala-cenário.
"As outras lojas deviam copiar."
Vitrines inusitadas são cada
vez mais comuns na cidade. Na
loja Anunciação, na Oscar Freire, chama a atenção um minilago com carpas. Idéia do badalado cenógrafo Gringo Cardia, que
há dois anos criou o conceito da
loja cercada de vidros pink.
O laguinho, conta a gerente
Bianca Nunes, dá trabalho (a
água deve ser trocada a cada 15
dias e há uma pessoa para alimentar os peixes), mas cumpre
o papel de atrair clientes. "Ele
chama a atenção. Muita gente
vem olhar o que é e acaba entrando", diz. "De fim de semana,
tem quem venha para tirar foto."
Na loja masculina V.ROM,
também na Lorena, a novidade
fica escondida. Os manequins,
criados por um engenheiro automobilístico, têm várias articulações para simular movimentos
de "homens de verdade".
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