São Paulo, quarta-feira, 26 de abril de 2006

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FRAUDE NO LAUDO

7 pessoas foram presas e 1 está foragida

Diretor é acusado de liderar extorsão em vistoria de veículos no Paraná

DIMITRI DO VALLE
COLABORAÇÃO PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

O diretor-geral do Instituto de Criminalística do Paraná, Ari Ferreira Fontana, e o chefe da Divisão Técnica do órgão, Geraldo Gonçalves de Oliveira Filho, foram presos ontem, em Curitiba, sob acusação de extorquir dinheiro para liberar carros e esquentar documentos de veículos furtados.
Outras seis pessoas denunciadas tiveram a prisão decretada. Uma está foragida e cinco foram detidas nas cidades de Cascavel, Guarapuava e Barracão, em operações do Ministério Público Estadual e da Polícia Civil. O caso é investigado há dois anos.
O Instituto de Criminalística é ligado à Secretaria da Segurança Pública do governo do Paraná e executa vistorias de veículos. Segundo a pasta, Fontana e Oliveira Filho comandavam o esquema de corrupção, que operava principalmente em Guarapuava e Cascavel. O ex-diretor-geral é acusado de selecionar os peritos para o grupo. Há também denúncias de pagamento de diárias frias.
Segundo a denúncia, um ex-chefe da Ciretran (Circunscrição Regional de Trânsito) de Cascavel escolhia os donos que eram obrigados a enviar seus veículos para perícia. Ele está foragido.
Para liberar o carro em caso de transferência de proprietário, por exemplo, três peritos do Instituto de Criminalística de Cascavel (todos presos) eram escolhidos para fazer o laudo técnico e cobrar 10% do valor do veículo para liberá-lo. Eles são acusados ainda de esquentar documentação de chassis adulterados e veículos furtados.
Os carros eram retidos no pátio de Cascavel, e a perícia ocorria após o expediente, a partir das 18h, para não despertar suspeitas.
A apuração indicou que criminosos também foram alvos da quadrilha, em casos em que precisavam de um laudo por causa de acidente, furto ou transferência.
Em Cascavel foram presos os peritos Jayme Cazarote Júnior, Osvaldo Panissa e Décio Mitmann. Um médico, em Cascavel, também foi preso e acusado de atuar como "perito fantasma".
Já em Guarapuava, as perícias suspeitas eram controladas por uma mulher, presa ontem e considerada funcionária fantasma.
Os oito acusados foram denunciados por concussão (exigência de vantagem indevida feita por funcionário público), corrupção passiva, falsas perícias, peculato (desvio de dinheiro ou bem por funcionário público), prevaricação (quando funcionário público deixa de praticar ato que a função exige) e formação de quadrilha.


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