São Paulo, sábado, 26 de abril de 2008

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"Quando eu vi, a minha perna estava despedaçada", diz aposentada de 74 anos

SUCURSAL DO RIO

A aposentada Maria José da Silva, 74, viu sua perna esquerda ser despedaçada antes de sentir qualquer dor. Além da perna, foi ferida no ombro esquerdo e no glúteo. Ela ficou no meio de uma troca de tiros ontem entre policiais do Bope e traficantes na Cidade de Deus, em Jacarepaguá, zona oeste do Rio. Onze pessoas morreram, entre as quais uma idosa.
Deitada em uma cama do hospital Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca (zona oeste do Rio), a aposentada contou à reportagem da Folha como foi atingida pelos tiros. Maria José sorria aliviada por não ter sido morta como Josélia Barros Afonso, 70, que vinha logo atrás dela.
Elas tentaram se proteger, passando por trás de uma barreira policial. Maria José contou que, na hora dos tiros, não sentiu dor, mas que ficou assustada com a perna em pedaços e sangrando muito.
"Eu desci e, quando cheguei à rua principal, estava o maior tiroteio. Passei ao lado do PM, que me deixou passar. Quase que ele foi atingido também. Quando eu vi, minha perna estava despedaçada, e senti o tiro aqui no ombro. A mulher que vinha atrás de mim foi a que morreu", contou a aposentada.
Ela falou que não conhecia as outras duas mulheres. Maria José tinha ido à igreja de manhã e, por volta das 11h, resolveu ir mais cedo ao posto de saúde para fazer um exame preventivo marcado para o meio da tarde, porque não queria pegar fila. Ao chegar a um cruzamento, deparou-se com o intenso tiroteio.
Waltair Barros, casado havia 50 anos com Josélia Afonso, contou que sempre falava para a mulher que eles precisavam se mudar da favela por causa da violência. O filho do casal acusou a polícia pelos disparos. (MT)


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