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"Quando eu vi, a minha perna estava despedaçada", diz aposentada de 74 anos
SUCURSAL DO RIO
A aposentada Maria José da
Silva, 74, viu sua perna esquerda ser despedaçada antes de
sentir qualquer dor. Além da
perna, foi ferida no ombro esquerdo e no glúteo. Ela ficou no
meio de uma troca de tiros ontem entre policiais do Bope e
traficantes na Cidade de Deus,
em Jacarepaguá, zona oeste do
Rio. Onze pessoas morreram,
entre as quais uma idosa.
Deitada em uma cama do
hospital Lourenço Jorge, na
Barra da Tijuca (zona oeste do
Rio), a aposentada contou à reportagem da Folha como foi
atingida pelos tiros. Maria José
sorria aliviada por não ter sido
morta como Josélia Barros
Afonso, 70, que vinha logo
atrás dela.
Elas tentaram se proteger,
passando por trás de uma barreira policial. Maria José contou que, na hora dos tiros, não
sentiu dor, mas que ficou assustada com a perna em pedaços e sangrando muito.
"Eu desci e, quando cheguei
à rua principal, estava o maior
tiroteio. Passei ao lado do PM,
que me deixou passar. Quase
que ele foi atingido também.
Quando eu vi, minha perna estava despedaçada, e senti o tiro
aqui no ombro. A mulher que
vinha atrás de mim foi a que
morreu", contou a aposentada.
Ela falou que não conhecia as
outras duas mulheres. Maria
José tinha ido à igreja de manhã e, por volta das 11h, resolveu ir mais cedo ao posto de
saúde para fazer um exame
preventivo marcado para o
meio da tarde, porque não queria pegar fila. Ao chegar a um
cruzamento, deparou-se com o
intenso tiroteio.
Waltair Barros, casado havia
50 anos com Josélia Afonso,
contou que sempre falava para
a mulher que eles precisavam
se mudar da favela por causa da
violência. O filho do casal acusou a polícia pelos disparos.
(MT)
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