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Projeto de casas para fiéis começa a ruir
Condomínio no ES começou a ser construído em 2008, após 160 famílias venderem seus bens, e nunca foi concluído
Chuvas em dezembro destruíram um muro e um pequeno prédio; apenas
33 casas, de um total de
250, foram erguidas
CÍNTIA ACAYABA
DA AGÊNCIA FOLHA
No início do ano passado, 160
famílias venderam seus bens,
deixaram parentes em suas cidades e seguiram um pastor de
uma igreja evangélica que prometia uma vida comunitária
dentro de um condomínio em
formato de águia, em Ecoporanga (328 km de Vitória).
Um ano depois, dezenas de
famílias voltaram para suas casas, ex-fiéis querem indenização na Justiça e o MPF (Ministério Público Federal) instaurou procedimento administrativo para investigar se os direitos dos cidadãos estão sendo
infringidos pela igreja.
Após denúncias, o MPF quer
confirmar se as crianças da
Igreja Tabernáculo Vitória (de
orientação pentecostal) estão
indo à escola, se há trabalho infantil, lazer vedado e se os idosos são privados de remédios e
dos benefícios do INSS, entre
outras irregularidades.
Do projeto do condomínio
dos fiéis da igreja, visitado pela
Folha em abril do ano passado,
cercado por um muro que, com
o alicerce, atingia 22 metros de
altura, muito pouco foi construído ou ficou de pé.
O local, chamado de "Recanto das Águias", que deveria ter
250 chalés de 58 m2 cada um,
tem apenas 33 "casinhas" de alvenaria, que abrigam 400 pessoas -cem crianças-, segundo
a Defesa Civil Estadual.
Roney Nascimento, engenheiro do órgão que vistoriou o
condomínio no último dia 31,
afirmou que a obra foi "mal feita" e que vai pedir a interdição
do local.
"Nas chuvas de dezembro, o
muro de contenção veio abaixo
e um pequeno prédio foi destruído. Os 33 blocos são de alvenaria, sem colunas. E eles
ainda querem construir um pavimento superior sem que a estrutura sustente."
"Foram eles mesmo que
construíram, com pessoal próprio e sem profissional habilitado. Há risco para as pessoas
que vivem lá", disse.
Alguns fiéis ainda moram em
alojamentos de compensado.
Já o pastor mora em uma casa
com varanda.
Indenização
Um casal de ex-fiéis da igreja
conseguiu uma ação cautelar
que o permite permanecer em
uma casa no terreno doado pelos filhos à Tabernáculo.
Agora, eles entraram com
uma ação de indenização por
danos morais e materiais para
reaver o valor da lavoura de café, o gado e duas casas que foram doadas e destruídas para a
construção do "Recanto das
Águias".
Há mais de uma semana que
a reportagem tenta falar com os
advogados do pastor Inereu
Lopes e com o próprio religioso, por meio de celulares, nos
quais foram deixados recados
na caixa postal. Mas ninguém
atendeu ou ligou de volta.
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