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"Eles fazem o que querem", diz empresária
DA REPORTAGEM LOCAL
Os moradores dos bairros mais
afetados pela barulheira preferem
não se identificar em entrevistas.
Reclamam anônimos. Isso porque alguns dos proprietários dos
helicópteros são seus vizinhos.
Para completar, são, geralmente,
mais ricos e influentes do que os
incomodados com o rush aéreo.
São pessoas que passaram literalmente por cima dos problemas
do trânsito e da violência da cidade transformando o helicóptero
em uma espécie de carro que voa.
Segundo a Aphesp, a maioria dos
vôos das aeronaves paulistanas
ocorre dentro da própria cidade.
A região próxima ao Jóquei Clube (zona sul) é um exemplo. Um
heliponto instalado em um terreno vazio perturba a vida dos moradores de um condomínio de casas de alto padrão. Uma das moradoras diz que o heliponto é propriedade de um banqueiro.
"É uma situação absurda porque esse barulho prejudica muito
a vida das pessoas daqui, e olha
que há coberturas caríssimas nessa região", diz a empresária Suzana, que pede para ocultar o sobrenome. Ela mora em um apartamento de cobertura no Itaim Bibi.
Suzana e uma outra moradora
do Jóquei costumam sofrer nos finais de semana, quando os vizinhos vão para a fazenda no sábado, mas sempre esquecem alguma coisa ou alguém. Conclusão: o
vaivém dos helicópteros não pára.
"Eles fazem o que querem", reclama Suzana. "Milhões têm de
sofrer por causa do conforto de
umas poucas centenas", diz.
Quem resolve se posicionar
contra os helicópteros acaba ouvindo comentários dos vizinhos,
nem que sejam em forma de piada. É o caso do empresário Pedro
Mellão, 42, proprietário de uma
aeronave desde 1996, que depois
de um tempo azucrinando a vizinhança, no Jardim Paulistano,
acabou se conscientizando.
Hoje, o aparelho pousa e decola
do Helicidade, um heliporto localizado no Jaguaré. "Uma vez, um
vizinho meu reclamou comigo do
barulho. Aí caiu a ficha. Depois da
minha decisão, é que eu percebi o
quanto isso incomoda", conta.
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