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São Paulo, segunda-feira, 26 de maio de 2003

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"Eles fazem o que querem", diz empresária

DA REPORTAGEM LOCAL

Os moradores dos bairros mais afetados pela barulheira preferem não se identificar em entrevistas. Reclamam anônimos. Isso porque alguns dos proprietários dos helicópteros são seus vizinhos. Para completar, são, geralmente, mais ricos e influentes do que os incomodados com o rush aéreo.
São pessoas que passaram literalmente por cima dos problemas do trânsito e da violência da cidade transformando o helicóptero em uma espécie de carro que voa. Segundo a Aphesp, a maioria dos vôos das aeronaves paulistanas ocorre dentro da própria cidade.
A região próxima ao Jóquei Clube (zona sul) é um exemplo. Um heliponto instalado em um terreno vazio perturba a vida dos moradores de um condomínio de casas de alto padrão. Uma das moradoras diz que o heliponto é propriedade de um banqueiro.
"É uma situação absurda porque esse barulho prejudica muito a vida das pessoas daqui, e olha que há coberturas caríssimas nessa região", diz a empresária Suzana, que pede para ocultar o sobrenome. Ela mora em um apartamento de cobertura no Itaim Bibi.
Suzana e uma outra moradora do Jóquei costumam sofrer nos finais de semana, quando os vizinhos vão para a fazenda no sábado, mas sempre esquecem alguma coisa ou alguém. Conclusão: o vaivém dos helicópteros não pára.
"Eles fazem o que querem", reclama Suzana. "Milhões têm de sofrer por causa do conforto de umas poucas centenas", diz.
Quem resolve se posicionar contra os helicópteros acaba ouvindo comentários dos vizinhos, nem que sejam em forma de piada. É o caso do empresário Pedro Mellão, 42, proprietário de uma aeronave desde 1996, que depois de um tempo azucrinando a vizinhança, no Jardim Paulistano, acabou se conscientizando.
Hoje, o aparelho pousa e decola do Helicidade, um heliporto localizado no Jaguaré. "Uma vez, um vizinho meu reclamou comigo do barulho. Aí caiu a ficha. Depois da minha decisão, é que eu percebi o quanto isso incomoda", conta.

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