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CIDADANIA
Dez ministérios terão comissões especiais; professores serão capacitados para ensinar alunos a respeitar gays
Governo lança programa contra homofobia
GABRIELA ATHIAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo federal lançou ontem
o programa Brasil sem Homofobia, que tem como principal objetivo combater a violência contra
homossexuais. Dez ministérios
passam a contar com comissões
encarregadas de adaptar as políticas já existentes para atender essa
parcela da população.
O ministro Nilmário Miranda
(Direitos Humanos) afirmou que
a meta mais imediata do programa é reduzir o número de homicídios praticados contra pessoas
por elas serem homossexuais.
Dados apresentados pela Secretaria Especial de Direitos Humanos mostram um aumento crescente das denúncias desse tipo de
crime nas últimas três décadas.
De 1970 a 1979, foram denunciados 41 assassinatos. Entre 1990 e
1999, o número passou para 1.256.
As comissões de inclusão homossexual irão atuar de forma diferenciada nas diversas áreas. No
Ministério da Justiça, por exemplo, esse grupo irá capacitar policiais para lidar com travestis que
trabalham nas ruas e combater a
discriminação e a violência.
Já no Ministério da Saúde, a
função do grupo é ampliar as
ações de combate às doenças sexualmente transmissíveis e, principalmente, preparar o SUS (Sistema Único de Saúde) para receber os homossexuais.
Na Educação, o governo atuará
diretamente sobre os professores
para que eles ensinem os alunos a
respeitar os homossexuais. Uma
pesquisa realizada em 2000 pela
Unesco (braço das Nações Unidas
para a educação e a cultura) e divulgada em março de 2003 indica
que professores e pais de alunos
no Brasil tendem a silenciar diante da discriminação contra homossexuais.
Outra pesquisa da Unesco, divulgada anteontem e realizada em
2003, reforça a tese de que o preconceito contra homossexuais está presente nas escolas.
Embora o Conselho Federal de
Medicina tenha retirado o homossexualismo da sua relação de
doenças em 1985, em Fortaleza
(CE), 22% dos professores ainda
classificam como patologia esse
tipo de comportamento.
Em Florianópolis (SC), cidade
que registrou o menor percentual
para essa pergunta, 7% dos docentes ainda dizem que a homossexualidade é uma doença. Em
São Paulo, o percentual é de 10%.
A cerimônia de lançamento do
Brasil sem Homofobia foi marcada pela descontração do ambiente, mas também por gafes. As autoridades bem-vistas pelo movimento gay receberam palmas e
até gritos ao serem anunciadas.
Vários militantes usaram adereços confeccionados com as cores
do arco-íris, símbolo do movimento gay no mundo inteiro.
O secretário-executivo do Ministério da Saúde, Gastão Wagner, ao saudar os militantes, confundiu "transgêneros" (pessoas
que mudam de sexo) com "transgênicos" (produtos geneticamente modificados). "Eu queria cumprimentar os gays, as lésbicas e os
"transgênicos'", disse o ministro.
Wagner, no entanto, logo se
desculpou. "Não vou mais falar
essa palavra para não errar de novo", disse ele em seguida, tentando corrigir-se.
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