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Contaminação mata 3 bebês no Rio
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
A Secretaria Municipal de Saúde
do Rio admitiu ontem que três recém-nascidos morreram no início de maio na maternidade municipal Leila Diniz, em Jacarepaguá (zona oeste), contaminados
pela bactéria Klebsiella pneumonae. Mais cinco bebês foram contaminados, mas sobreviveram.
Foi o segundo surto de mortes
de bebês neste mês no Rio. A secretaria já havia confirmado a
morte de 14 recém-nascidos na
cidade. Outro bebê morreu em
Niterói (a 13 km do Rio). Mas a
principal suspeita, nesses casos, é
que eles tenham sido contaminados por uma nutrição parenteral
fornecida no dia 4 deste mês.
O surto na maternidade Leila
Diniz aconteceu entre os dias 3 e 5
de maio. O caso veio à tona ontem, após reportagem do jornal
"Extra". Alguns funcionários, que
não quiseram se identificar, suspeitam que a contaminação tenha
ocorrido por causa de uma inundação que teria levado lixo e esgoto para dentro da maternidade.
Em nota divulgada ontem, a secretaria nega a hipótese. "A inundação aconteceu no dia 15 de
maio, muito após o surgimento
do surto", diz a nota.
A localização da maternidade,
no entanto, é propícia à contaminação de bactérias como a Klebsiella pneumonae, que pode ser
transmitida pelo esgoto e pelo
contato físico. Ontem, na porta da
maternidade, era possível sentir o
cheiro de lixo acumulado na rua.
Outro problema visível da maternidade é que ela fica num terreno abaixo do nível da rua, o que
facilita a inundação, além de ficar
muito próxima de casas da favela
vizinha. Segundo funcionários
que falaram à Folha, inundações
ocorrem com freqüência.
A secretaria admite que o local é
inadequado e informou ontem
que está construindo um novo
prédio para a maternidade, em
um terreno mais elevado, que deve ficar pronto em dois anos.
O hospital municipal Raphael
de Paula Souza, que é interligado
à maternidade, também tem um
histórico de problemas com o esgoto. Em janeiro de 2002, uma reportagem da Folha mostrou que
o local era cortado por três valas.
A morte do primeiro filho revoltou o casal Cláudio Ferreira, 38, e
Eneida dos Santos, 31. "Não me
conformo com a falta de informação por parte da maternidade,
que não nos informou adequadamente o que estava acontecendo",
afirma Ferreira.
A assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Saúde informou à Folha que ninguém da
maternidade ou da secretaria falaria sobre o assunto.
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