São Paulo, quarta-feira, 26 de maio de 2004

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Contaminação mata 3 bebês no Rio

ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO

A Secretaria Municipal de Saúde do Rio admitiu ontem que três recém-nascidos morreram no início de maio na maternidade municipal Leila Diniz, em Jacarepaguá (zona oeste), contaminados pela bactéria Klebsiella pneumonae. Mais cinco bebês foram contaminados, mas sobreviveram.
Foi o segundo surto de mortes de bebês neste mês no Rio. A secretaria já havia confirmado a morte de 14 recém-nascidos na cidade. Outro bebê morreu em Niterói (a 13 km do Rio). Mas a principal suspeita, nesses casos, é que eles tenham sido contaminados por uma nutrição parenteral fornecida no dia 4 deste mês.
O surto na maternidade Leila Diniz aconteceu entre os dias 3 e 5 de maio. O caso veio à tona ontem, após reportagem do jornal "Extra". Alguns funcionários, que não quiseram se identificar, suspeitam que a contaminação tenha ocorrido por causa de uma inundação que teria levado lixo e esgoto para dentro da maternidade.
Em nota divulgada ontem, a secretaria nega a hipótese. "A inundação aconteceu no dia 15 de maio, muito após o surgimento do surto", diz a nota.
A localização da maternidade, no entanto, é propícia à contaminação de bactérias como a Klebsiella pneumonae, que pode ser transmitida pelo esgoto e pelo contato físico. Ontem, na porta da maternidade, era possível sentir o cheiro de lixo acumulado na rua.
Outro problema visível da maternidade é que ela fica num terreno abaixo do nível da rua, o que facilita a inundação, além de ficar muito próxima de casas da favela vizinha. Segundo funcionários que falaram à Folha, inundações ocorrem com freqüência.
A secretaria admite que o local é inadequado e informou ontem que está construindo um novo prédio para a maternidade, em um terreno mais elevado, que deve ficar pronto em dois anos.
O hospital municipal Raphael de Paula Souza, que é interligado à maternidade, também tem um histórico de problemas com o esgoto. Em janeiro de 2002, uma reportagem da Folha mostrou que o local era cortado por três valas.
A morte do primeiro filho revoltou o casal Cláudio Ferreira, 38, e Eneida dos Santos, 31. "Não me conformo com a falta de informação por parte da maternidade, que não nos informou adequadamente o que estava acontecendo", afirma Ferreira.
A assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Saúde informou à Folha que ninguém da maternidade ou da secretaria falaria sobre o assunto.


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