São Paulo, quinta-feira, 26 de maio de 2005

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Inundação causa mal-estar entre tucanos

Governador afirma que problema foi causado pelas marginais, que são responsabilidade da prefeitura; Serra ficou contrariado

CATIA SEABRA
FABIO SCHIVARTCHE
VICTOR RAMOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), atribuiu ontem à falta de bombas hidráulicas em pontes da marginal Tietê o agravamento dos alagamentos nessa via expressa da cidade.
Disse que a responsabilidade pela instalação dos equipamentos é da prefeitura, administrada pelo também tucano José Serra. "O problema grave hoje não é o rio Tietê [cujas obras da aprofundamento da calha são feitas pelo Estado], são as marginais. O fato é que a água não volta [da pista ao rio]", afirmou o governador em entrevista à TV Record, concedida junto à ponte das Bandeiras. Durante os dez minutos da entrevista, Alckmin usou cinco vezes a palavra prefeitura.
Ao falar das bombas, o governador se referia ao fato de que, mesmo após o leito do rio abaixar, muita água continuava acumulada na pista, sendo necessária uma ação mecânica para devolvê-la ao rio com mais agilidade.
Alckmin ainda disse que o Estado se dispõe a ajudar a prefeitura na compra ou aluguel de bombas hidráulicas para outras pontes da marginal, já que hoje só a das Bandeiras possui o equipamento.
As declarações do governador provocaram mal-estar com Serra. Contrariado, o prefeito paulistano telefonou para Alckmin cobrando explicações.
Segundo tucanos, Serra questionou o argumento de Alckmin, lembrando que, além de não terem capacidade para tamanho volume, as bombas lançam água no próprio rio Tietê. Para ele, foi "uma besteira" procurar culpados num dia de chuva tão intensa, em vez de lembrar que, sem a obra, poderia ter sido pior.
Em entrevista no Centro de Gerenciamento de Emergências, ontem de tarde, Serra demonstrou irritação com o assunto. A Folha teve de insistir cinco vezes para que o prefeito se manifestasse sobre as declarações de Alckmin.
Por fim, o prefeito disse que não havia ouvido as declarações do governador e que se informaria antes de comentar o assunto.
Em resposta ao telefonema de Serra, Alckmin alegou que não responsabilizara a Prefeitura pela enchente. Apenas lamentava a falta de bombas no rio. Serra replicou, afirmando que ontem não era o momento para isso.
À noite, Alckmin amenizou seu discurso. Disse que as bombas sozinhas não resolveriam o problema das enchentes em São Paulo.


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