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Inundação causa mal-estar entre tucanos
Governador afirma que problema foi causado pelas marginais, que são responsabilidade da prefeitura; Serra ficou contrariado
CATIA SEABRA
FABIO SCHIVARTCHE
VICTOR RAMOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), atribuiu
ontem à falta de bombas hidráulicas em pontes da marginal Tietê o
agravamento dos alagamentos
nessa via expressa da cidade.
Disse que a responsabilidade
pela instalação dos equipamentos
é da prefeitura, administrada pelo
também tucano José Serra. "O
problema grave hoje não é o rio
Tietê [cujas obras da aprofundamento da calha são feitas pelo Estado], são as marginais. O fato é
que a água não volta [da pista ao
rio]", afirmou o governador em
entrevista à TV Record, concedida junto à ponte das Bandeiras.
Durante os dez minutos da entrevista, Alckmin usou cinco vezes a
palavra prefeitura.
Ao falar das bombas, o governador se referia ao fato de que, mesmo após o leito do rio abaixar,
muita água continuava acumulada na pista, sendo necessária uma
ação mecânica para devolvê-la ao
rio com mais agilidade.
Alckmin ainda disse que o Estado se dispõe a ajudar a prefeitura
na compra ou aluguel de bombas
hidráulicas para outras pontes da
marginal, já que hoje só a das
Bandeiras possui o equipamento.
As declarações do governador
provocaram mal-estar com Serra.
Contrariado, o prefeito paulistano telefonou para Alckmin cobrando explicações.
Segundo tucanos, Serra questionou o argumento de Alckmin,
lembrando que, além de não terem capacidade para tamanho
volume, as bombas lançam água
no próprio rio Tietê. Para ele, foi
"uma besteira" procurar culpados num dia de chuva tão intensa,
em vez de lembrar que, sem a
obra, poderia ter sido pior.
Em entrevista no Centro de Gerenciamento de Emergências, ontem de tarde, Serra demonstrou
irritação com o assunto. A Folha
teve de insistir cinco vezes para
que o prefeito se manifestasse sobre as declarações de Alckmin.
Por fim, o prefeito disse que não
havia ouvido as declarações do
governador e que se informaria
antes de comentar o assunto.
Em resposta ao telefonema de
Serra, Alckmin alegou que não
responsabilizara a Prefeitura pela
enchente. Apenas lamentava a falta de bombas no rio. Serra replicou, afirmando que ontem não
era o momento para isso.
À noite, Alckmin amenizou seu
discurso. Disse que as bombas sozinhas não resolveriam o problema das enchentes em São Paulo.
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