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CAOS PAULISTANO
Marginal só foi interditada após alagamento
Técnicos afirmam que seria impossível evitar a inundação das marginais, mas admitem que equipamentos do CGE são antiquados
DA REPORTAGEM LOCAL
Reunidos no Centro de Gerenciamento de Emergências durante a madrugada do temporal e boa
parte do dia de ontem, secretários
e técnicos da administração José
Serra afirmaram que seria impossível evitar a inundação das marginais por causa do grande volume de água e que a prefeitura fez
tudo o que estava a seu alcance
para minimizar seus efeitos.
Mas uma das medidas que poderia ter salvado alguns motoristas da inundação -a interdição
preventiva dos acessos à marginal
Tietê- só foi tomada quando a
situação já era incontornável.
O Estado de Atenção, que indica
às autoridades que o evento meteorológico inspira cuidados, foi
declarado pelo CGE às 16h35 de
terça-feira. À noite, já com o início
da chuva e um congestionamento
grande (194 km), a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego)
pediu aos funcionários que dobrassem o turno. O nível da água
no rio Tietê subia a olhos vistos,
aumentando o temor dos que ainda trafegavam pela via.
Foi somente às 23h29, mesmo
momento em que o rio transbordou pela primeira vez (sob a ponte Atílio Fontana, junto à rodovia
Anhangüera), que a CET interditou alguns acessos à marginal.
"Se houvesse uma barreira, eu
teria evitado a marginal. E meu
carro não teria alagado", reclama
a estudante Gisella Amado.
O presidente da CET, Roberto
Scaringella, defendeu a operação
como "oportuna".
Tecnologia atrasada
O radar meteorológico utilizado
pelo CGE fica em Salesópolis, na
cabeceira do rio Tietê, e tem um
raio de 270 km de alcance de imagens. Pertence à Fundação Centro
Tecnológica de Hidráulica da
USP (Universidade de São Paulo).
Os meteorologistas do CGE notaram o avanço de uma frente fria
vinda da região Sul. Por volta das
16h de terça-feira, já previam a
possibilidade de ocorrer chuvas
fortes na região metropolitana de
São Paulo. "Só não esperávamos
esse dilúvio", diz Marcos Massari,
meteorologista do CGE.
Nos últimos dez anos, a precipitação durante todo o mês de maio
teve uma média de 54 mm e nunca ultrapassou os 106 mm.
Na chuva que causou caos na cidade, em apenas 24 horas, entre
as 7h de terça-feira e as 7h de ontem, foram registrados 113,7 mm.
Segundo Massari, a frente fria
encontrou uma massa quente
proveniente do oceano Atlântico.
"Foi como alimentar as nuvens
que estavam sobre a cidade. Era
impossível prever o dilúvio."
Massari admite, no entanto, que
o equipamento utilizado pela prefeitura é de uma tecnologia de
mais de 20 anos. Nos Estados
Unidos e na Europa, conta ele, os
meteorologistas usam o "dopler",
que custa cerca de US$ 10 milhões
e permite uma precisão maior da
localização dos pontos onde a
chuva será mais forte e onde haverá granizo e ventanias fortes.
"Mas, mesmo com os equipamentos mais modernos do mundo, seria impossível prever o volume da chuva, pois os modelos
matemáticos ainda pecam na
quantidade", diz Massari.
Localizado na rua Bela Cintra,
no centro da cidade, o CGE se
transformou numa sucursal da
prefeitura. Desde a noite de terça-feira, dezenas de técnicos iniciaram um plantão no local, onde há
monitores que recebem ininterruptamente imagens de câmeras
de vídeo instaladas nas ruas.
Foi de lá que o secretário dos
Transportes, Frederico Bussinger,
acompanhou as 177 linhas de ônibus (de um total de 1.300) paralisadas, e que o secretário das Subprefeituras, Walter Feldman, despachou 253 caminhões e 20 pás-carregadeiras para os locais mais
atingidos.
(FS)
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