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RETRATO DO BRASIL
IBGE constatou que é reduzido o número das que já faziam exames preventivos com a periodicidade indicada
1/3 das brasileiras nunca examinou a mama
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
Um terço (34,4%) das brasileiras com mais de 40 anos nunca fez
um exame clínico de mamas e
quase a metade (49,7%) das que
têm mais de 50 jamais foram submetidas a uma mamografia. A
constatação foi feita pela pesquisa
"Acesso e Utilização de Serviços
de Saúde", divulgada ontem pelo
IBGE e realizada a partir da "Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios de 2003".
Pela primeira vez, o IBGE avaliou o acesso a exames preventivos femininos e constatou que é
reduzido o número de mulheres
que já faziam em 2003 esses exames com a periodicidade indicada pelo Inca (Instituto Nacional
de Câncer).
No Consenso para o Controle
de Câncer de Mama de 2004, o Inca indica que o exame clínico de
mamas deve ser feito ao menos
uma vez por ano entre mulheres
com mais de 40 anos e que a mamografia deve ser feita num intervalo máximo de dois anos para as
que têm entre 50 e 69.
No caso do exame clínico de
mamas, apenas 37,6% das brasileiras com mais de 40 anos tinham feito, em 2003, o exame no
último ano. Entre mulheres com
mais de 50 anos, a proporção das
que tinham feito mamografia nos
últimos dois anos era de 41,2%.
Colo de útero
A cobertura de exame preventivo de câncer de colo de útero foi a
que teve maior proporção entre
os três pesquisados pelo IBGE. No
caso desse procedimento, 68,7%
das mulheres com mais de 25
anos disseram ter feito nos últimos três anos. No entanto, uma
em cada cinco mulheres (20%)
nessa faixa disse nunca ter feito
esse exame na vida. A recomendação do Inca é que, entre 25 e 59
anos, ele seja repetido num intervalo máximo de três anos.
A pesquisa mostra que o acesso
a esses exames é diretamente ligado à escolaridade. Apenas 36,8%
das mulheres sem escolaridade e
com mais de 25 anos de idade haviam realizado exame clínico de
mamas. Entre as que tinham ao
menos 15 anos de estudo completos, a proporção é de 90%. No caso da mamografia, esses percentuais variavam entre 24,3% para
as mulheres sem escolaridade e
68,1% para as com mais de 15
anos de estudo.
Para o ministro da Saúde, Humberto Costa, os dados indicam a
necessidade de ampliar o número
de mamógrafos, principalmente
no Norte e no Nordeste. Ele afirma que o ministério irá novamente corrigir a tabela dos valores pagos pelo SUS à iniciativa privada
nesse tipo de exame para aumentar a oferta.
"Lançaremos nos próximos 40
dias uma política dirigida para o
câncer de mama e de colo de útero. Queremos não apenas ampliar
o número de mamógrafos no país
mas também maximizar o uso
dos existentes. Já fizemos a correção dos valores pagos por mamografia e vamos fazer outra correção para tornar esse tipo de serviço mais interessante para a área
privada", disse o ministro no
evento de divulgação da pesquisa,
no Rio de Janeiro.
Costa afirmou também que o
ministério estuda adotar como
norma que o exame clínico de
mamas faça parte da rotina de
exames individuais feitos por
equipes de saúde da família.
Estrutura
Para a coordenadora de Prevenção e Vigilância do Câncer do Inca, Gulnar Mendonça, a pesquisa
indica que o país precisa se preparar para oferecer exame e tratamento do câncer de mama para
toda a população.
"Ainda não temos estrutura suficiente para chamar todas as mulheres, incluindo as que nunca
apresentaram sintomas, para fazerem exame e receberem o tratamento adequado, mas o Ministério da Saúde está se estruturando
para isso. A gente pretende que
até 2007 o SUS consiga oferecer
para toda a população de mulheres a mamografia e encaminhar
tratamento adequado para as que
necessitem", diz ela.
Em relação ao exame preventivo de câncer de colo do útero, ela
afirma que a rede já está estruturada para fazer o exame em todas
as mulheres e, por isso, é preciso
fazer um esforço para atingir os
20% de mulheres que nunca fizeram esse exame, segundo o IBGE.
A coordenadora do Inca lembra
que o câncer de mama é o tipo de
câncer que mais atinge e mata
mulheres no Brasil. O de colo de
útero é o segundo com maior incidência entre mulheres, mas, por
ser menos letal, mata menos do
que o de pulmão.
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