São Paulo, quinta-feira, 26 de maio de 2005

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JUSTIÇA

Advogados de Elias Maluco vão recorrer; jornalista da TV Globo foi torturado e teve o corpo esquartejado em 2002

Acusado de matar Tim Lopes é condenado

MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO

Depois de 16 horas de julgamento, Elias Pereira da Silva, 39, o Elias Maluco, foi condenado ontem pelo 1º Tribunal do Júri do Tribunal de Justiça do Rio a 28 anos e seis meses de prisão pelo assassinato do jornalista Tim Lopes, da TV Globo, ocorrido no dia 2 de junho de 2002.
Elias Maluco foi condenado pelos crimes de homicídio triplamente qualificado (por motivo torpe, com métodos cruéis e sem chance de defesa), formação de quadrilha e ocultação de cadáver.
A decisão de condenar o traficante não foi unânime entre os sete jurados. No crime de homicídio, por exemplo, foram 5 votos pela condenação contra 2. Em formação de quadrilha e ocultação de cadáver, foram 4 votos a 3.
Assim que o juiz Fábio Uchôa leu a sentença, os advogados do traficante anunciaram que vão recorrer. As outras seis pessoas acusadas serão julgadas em junho.
Tim Lopes fazia uma reportagem na favela Vila Cruzeiro (zona norte do Rio) sobre tráfico de drogas e exploração sexual infantil em um baile funk. Foi capturado pelo bando de Elias Maluco e levado até a vizinha favela da Grota. No local, ele foi torturado, morto, esquartejado e queimado pelos criminosos, segundo a acusação do Ministério Público.
A viúva de Lopes, Alessandra Wagner, acompanhou todo o julgamento no Tribunal do Júri e chegou a ficar frente a frente com Elias Maluco. Ela considerou o resultado satisfatório.
"Foi bem decidido. A Justiça começou a ser feita. O ideal é que não houvesse a possibilidade de um novo julgamento", disse ela, que espera que os outros co-réus também sejam condenados.
O julgamento de Elias Maluco começou às 13h30 de anteontem e só foi encerrado às 5h30 de ontem. Durante todo tempo, o traficante se manteve de cabeça baixa. Ele só falou no início quando foi interrogado pelo juiz.
Ao ser questionado sobre o seu envolvimento no assassinato de Tim Lopes, disse que se reservaria ao direito de manter silêncio.
Maurício Neville, um dos advogados que defenderam Elias Maluco no plenário, questionou as provas da acusação.
Segundo ele, as promotoras do Ministério Público apresentaram como provas contra seu cliente os depoimentos dos outros co-réus, o que, na sua opinião, não é relevante no Judiciário. O outro advogado do traficante, Célio Maciel, afirmou que a acusação não mostrou nenhuma prova cabal que incriminasse Elias Maluco.


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