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JUSTIÇA
Advogados de Elias Maluco vão recorrer; jornalista da TV Globo foi torturado e teve o corpo esquartejado em 2002
Acusado de matar Tim Lopes é condenado
MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO
Depois de 16 horas de julgamento, Elias Pereira da Silva, 39, o
Elias Maluco, foi condenado ontem pelo 1º Tribunal do Júri do
Tribunal de Justiça do Rio a 28
anos e seis meses de prisão pelo
assassinato do jornalista Tim Lopes, da TV Globo, ocorrido no dia
2 de junho de 2002.
Elias Maluco foi condenado pelos crimes de homicídio triplamente qualificado (por motivo
torpe, com métodos cruéis e sem
chance de defesa), formação de
quadrilha e ocultação de cadáver.
A decisão de condenar o traficante não foi unânime entre os sete jurados. No crime de homicídio, por exemplo, foram 5 votos
pela condenação contra 2. Em
formação de quadrilha e ocultação de cadáver, foram 4 votos a 3.
Assim que o juiz Fábio Uchôa
leu a sentença, os advogados do
traficante anunciaram que vão recorrer. As outras seis pessoas acusadas serão julgadas em junho.
Tim Lopes fazia uma reportagem na favela Vila Cruzeiro (zona
norte do Rio) sobre tráfico de drogas e exploração sexual infantil
em um baile funk. Foi capturado
pelo bando de Elias Maluco e levado até a vizinha favela da Grota.
No local, ele foi torturado, morto,
esquartejado e queimado pelos
criminosos, segundo a acusação
do Ministério Público.
A viúva de Lopes, Alessandra
Wagner, acompanhou todo o julgamento no Tribunal do Júri e
chegou a ficar frente a frente com
Elias Maluco. Ela considerou o resultado satisfatório.
"Foi bem decidido. A Justiça começou a ser feita. O ideal é que
não houvesse a possibilidade de
um novo julgamento", disse ela,
que espera que os outros co-réus
também sejam condenados.
O julgamento de Elias Maluco
começou às 13h30 de anteontem e
só foi encerrado às 5h30 de ontem. Durante todo tempo, o traficante se manteve de cabeça baixa.
Ele só falou no início quando foi
interrogado pelo juiz.
Ao ser questionado sobre o seu
envolvimento no assassinato de
Tim Lopes, disse que se reservaria
ao direito de manter silêncio.
Maurício Neville, um dos advogados que defenderam Elias Maluco no plenário, questionou as
provas da acusação.
Segundo ele, as promotoras do
Ministério Público apresentaram
como provas contra seu cliente os
depoimentos dos outros co-réus,
o que, na sua opinião, não é relevante no Judiciário. O outro advogado do traficante, Célio Maciel,
afirmou que a acusação não mostrou nenhuma prova cabal que incriminasse Elias Maluco.
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