São Paulo, quarta, 26 de maio de 1999

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COMISSÃO
Mudança em zoneamento beneficia empresário, mas ele diz que idéia era evitar demissões em transportadora
Yunes afirma ter pedido projeto a Pitta


LILIAN CHRISTOFOLETTI
da Reportagem Local


O empresário Jorge Yunes afirmou ontem em depoimento na Câmara que pediu ao prefeito Celso Pitta que encaminhasse projeto que altera o zoneamento de uma área na zona norte da cidade onde o empresário possui um terreno de 50 mil m2.
Atualmente, na região, junto à marginal Tietê, só é possível construir galpões ou garagens. Com a alteração proposta, poderiam ser construídos shoppings, supermercados ou editoras de livros.
Yunes, que é credor de Pitta (em 97 ele emprestou R$ 600 mil ao prefeito, com prazo de pagamento de cinco anos e 6% de juros ao ano) afirmou ontem que pediu o projeto a Pitta não por interesse próprio, mas para ajudar a Transportadora Dom Vital, que tem terreno na região e pretende vendê-lo por estar concordatária.
"Eu ainda liguei a alguns vereadores dizendo que era importante o estudo desse projeto, porque a empresa estava falindo e 1.700 pessoas ficariam na rua. Eu me sensibilizei. Se precisasse ajudar qualquer outra empresa na mesma situação, faria de novo", disse Yunes aos vereadores da comissão de Constituição e Justiça da Câmara.
A denúncia de que o projeto beneficiaria Yunes foi publicada pela Folha em 28 de abril. Na época, Pitta disse que não sabia do interesse do empresário no projeto.
Segundo Pitta, o projeto foi apresentado para permitir que a rede de supermercados Wal Mart construísse uma loja na região que geraria mil empregos.
A alteração do zoneamento também causaria uma valorização do terreno. Especialistas consultados pela Folha informaram que, com a mudança do zoneamento, a área seria valorizada em cerca de 50%.
Ao ser questionado ontem, Yunes afirmou: "Não sei se valoriza, se valorizar é muito justo que o cidadão tenha sua área valorizada".
O vereador Salim Curiati Jr. (PPB), membro da comissão, disse que o projeto apresentado pelo prefeito fere o princípio da "impessoalidade". "Há um interesse direto em uma empresa, na Dom Vidal, para a aprovação desse projeto, por isso, o projeto é pessoal e não tem interesse público."
Para o presidente da comissão, Roberto Tripoli, o depoimento não foi convincente. "Primeiro Yunes diz que será prejudicado se o projeto for aprovado e, depois, que intercedeu para a aprovação do mesmo", disse Tripoli.
A comissão deve analisar o projeto e dar um parecer sobre sua constitucionalidade ou não. Depois, o projeto deve ler levado a plenário e precisará do voto favorável de 33 dos 55 vereadores para ser aprovado.



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