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COMISSÃO
Mudança em zoneamento beneficia empresário, mas ele diz que idéia era evitar demissões em transportadora
Yunes afirma ter pedido projeto a Pitta
LILIAN CHRISTOFOLETTI
da Reportagem Local
O empresário
Jorge Yunes
afirmou ontem
em depoimento
na Câmara que
pediu ao prefeito Celso Pitta
que encaminhasse projeto que altera o zoneamento de uma área na zona norte
da cidade onde o empresário possui um terreno de 50 mil m2.
Atualmente, na região, junto à
marginal Tietê, só é possível construir galpões ou garagens. Com a
alteração proposta, poderiam ser
construídos shoppings, supermercados ou editoras de livros.
Yunes, que é credor de Pitta (em
97 ele emprestou R$ 600 mil ao
prefeito, com prazo de pagamento
de cinco anos e 6% de juros ao ano)
afirmou ontem que pediu o projeto a Pitta não por interesse próprio, mas para ajudar a Transportadora Dom Vital, que tem terreno
na região e pretende vendê-lo por
estar concordatária.
"Eu ainda liguei a alguns vereadores dizendo que era importante
o estudo desse projeto, porque a
empresa estava falindo e 1.700 pessoas ficariam na rua. Eu me sensibilizei. Se precisasse ajudar qualquer outra empresa na mesma situação, faria de novo", disse Yunes
aos vereadores da comissão de
Constituição e Justiça da Câmara.
A denúncia de que o projeto beneficiaria Yunes foi publicada pela
Folha em 28 de abril. Na época,
Pitta disse que não sabia do interesse do empresário no projeto.
Segundo Pitta, o projeto foi apresentado para permitir que a rede
de supermercados Wal Mart construísse uma loja na região que geraria mil empregos.
A alteração do zoneamento também causaria uma valorização do
terreno. Especialistas consultados
pela Folha informaram que, com a
mudança do zoneamento, a área
seria valorizada em cerca de 50%.
Ao ser questionado ontem, Yunes afirmou: "Não sei se valoriza,
se valorizar é muito justo que o cidadão tenha sua área valorizada".
O vereador Salim Curiati Jr.
(PPB), membro da comissão, disse
que o projeto apresentado pelo
prefeito fere o princípio da "impessoalidade". "Há um interesse
direto em uma empresa, na Dom
Vidal, para a aprovação desse projeto, por isso, o projeto é pessoal e
não tem interesse público."
Para o presidente da comissão,
Roberto Tripoli, o depoimento
não foi convincente. "Primeiro
Yunes diz que será prejudicado se
o projeto for aprovado e, depois,
que intercedeu para a aprovação
do mesmo", disse Tripoli.
A comissão deve analisar o projeto e dar um parecer sobre sua
constitucionalidade ou não. Depois, o projeto deve ler levado a
plenário e precisará do voto favorável de 33 dos 55 vereadores para
ser aprovado.
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