São Paulo, terça-feira, 26 de junho de 2001

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SEGURANÇA PÚBLICA

Segundo a ONU, é preciso 1 homem para cada 250 pessoas; no país, há 1 para cada 360 brasileiros

Faltam policiais civis e militares no Brasil

LISANDRA PARAGUASSÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Brasil tem menos policiais do que o recomendado por organizações internacionais. Dados levantados pelo Ministério da Justiça mostram que o país tem 413.012 policiais civis e militares espalhados por 26 Estados e Distrito Federal -média de 1 para cada 410 habitantes.
A Organização das Nações Unidas (ONU) recomenda para o policiamento ostensivo a relação de 1 policial para cada 350 pessoas, sem contar os bombeiros.
Incluindo o Corpo de Bombeiros, a recomendação da ONU vai para 1 policial para cada 250 habitantes. Nesse caso, a situação brasileira também não é boa -1 para grupos de 360 pessoas.
O levantamento está no site do Ministério da Justiça na internet (www.mj.gov.br) e faz parte de uma das ações do Plano Nacional de Segurança Pública, com o objetivo de elaborar um diagnóstico das forças responsáveis pela segurança pública no país.
Para calcular a relação, a Folha usou o número de habitantes por Estado levantado pelo Censo 2000, disponível no endereço eletrônico do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), www.ibge.gov.br .

Diferenças
A falta de policiais nas ruas fica pior quando se analisam os números por Estados. Há grandes diferenças regionais.
São Paulo é o Estado com a maior população do país e também o maior efetivo para combater a criminalidade. São 78.483 policiais militares e 23.718 civis. A média paulista é 1 para cada 360 moradores do Estado.
Contando com os bombeiros, o número passa para 1 a cada grupo de 331 pessoas. A situação paulista é melhor que a de alguns Estados, como o Rio de Janeiro (1 para 431), e pior que a de outros, como o Acre (1 para 190).
Segundo o secretário da Segurança Pública do Estado, Marco Vinicio Petrelluzzi, o governo está aumentando gradativamente o número de policiais. "A nossa meta é chegar ao recomendado pela ONU aos poucos, dentro das nossas restrições orçamentárias."
A pior situação, no entanto, está no Maranhão. O Estado governado por Roseana Sarney (PFL) chega a ter apenas 1 policial para cada 721 habitantes. A melhor relação identificada a partir dos dados do Ministério da Justiça é a do Distrito Federal: 1 para 103 moradores.

Cidades-satélites do DF
O DF, no entanto, sofre com um problema crônico de má distribuição. O Plano Piloto, área nobre da cidade, tem uma alta concentração de policiais, enquanto áreas com maior criminalidade, como algumas cidades-satélites, não têm o mesmo atendimento.
O levantamento do Ministério da Justiça também mostra que algumas políticas federais para as polícias ainda não tomaram forma nos Estados. Programas de redução de violência para os policiais, por exemplo, não existem para 66% das polícias militares e 40% das polícias civis.
Projetos para reduzir o número de pessoas mortas pelas polícias também não estão sendo adotados: 60% das PMs e 52% das civis não os possuem. A mesma coisa com os programas para diminuir corrupção nas organizações. Apenas 30% das PMs já criaram algum projeto. Na Civil, a situação é melhor, com 59% dos Estados tendo algum tipo de ação.
A Folha tentou falar com o secretário nacional da Segurança Pública, Pedro Alvarenga, das 14h de ontem até a conclusão desta edição, mas não conseguiu localizá-lo para comentar os dados.


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