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TRANSPORTE
Juízes do Trabalho julgam abusiva paralisação que afetou 2,5 milhões de usuários e multam em R$ 100 mil
Metroviários decidem manter a greve
DA REPORTAGEM LOCAL
Apesar de o TRT (Tribunal Regional do Trabalho) ter julgado,
ontem à tarde, a greve dos metroviários abusiva, os funcionários
do metrô decidiram, por volta das
21h, manter a paralisação hoje.
Cerca de mil trabalhadores, segundo a direção do Sindicato dos
Metroviários, presentes à assembléia de ontem aprovaram por
unanimidade a proposta da direção do sindicato, que reduziu as
reivindicações mas manteve a
greve por tempo indeterminado.
À tarde, os juízes do TRT haviam julgado por 11 votos a 0 a
greve abusiva. E, por 10 votos a 1,
determinaram que os funcionários voltassem ao trabalho no turno das 22h, sob pena de multa
diária de R$ 100 mil.
O Metrô ameaça começar a demitir os grevistas. "Foi declarada
abusividade da greve, e não ilegalidade. São coisas diferentes, e a
empresa não pode demitir por
justa causa", disse o advogado do
sindicato Magnus Farkatt.
A paralisação, iniciada à 0h de
ontem, afetou 2,5 milhões de
usuários em São Paulo, segundo a
companhia, e 2,7 milhões, pela estimativa dos grevistas.
O trânsito chegou a registrar 129
quilômetros de congestionamento, às 9h. No mesmo horário da
segunda-feira passada, o congestionamento foi de 97 quilômetros.
Logo após o julgamento do
TRT, o presidente do Sindicato do
Metroviários, Onofre Gonçalves
de Jesus, já antecipara que a greve
deveria continuar.
Os 7.300 metroviários decidiram entrar em greve anteontem,
reivindicando 7,74% de reajuste
salarial, 4,14% de produtividade e
7,86% de reposição da inflação no
período de 1999 a 2000.
O TRT havia concedido reajuste
de 7% e produtividade de 4% aos
metroviários, mas o Metrô recorreu ao TST (Tribunal Superior do
Trabalho) e conseguiu, na sexta-feira, derrubar a decisão do TRT.
O presidente do TST, ministro
Almir Pazzianotto, manteve os
7% de reajuste e indeferiu o percentual de produtividade. Ele
também acabou com o anuênio
dos metroviários -uma gratificação de 1% por ano de serviço-
e reduziu o adicional noturno de
50% para 20% e as horas-extras
de 100% para 50% sobre o valor
da hora comum.
Depois das derrotas judiciais, os
metroviários votaram por manter
a greve, apesar da multa diária de
R$ 100 mil, mas abrandaram as
reivindicações. "Prova de que
queremos negociar", afirmou o
presidente do sindicato.
Na nova proposta, aprovada
ontem à noite, os trabalhadores
pedem 7% de reajuste, manutenção do adicional noturno de 50%
e do anuênio para todos os contratados até 30 de abril, 70% para
as horas-extras, que a empresa
pague um ponto percentual dos
2% descontados dos salários para
o plano de saúde e que os dias de
greve não sejam descontados.
Durante a assembléia, o presidente do sindicato ainda conversou por telefone com o presidente
do Metrô, Caetano Jannini Neto,
mas não houve acordo.
Jannini Neto propôs uma reunião com os sindicalistas hoje às
14h, desde que voltassem imediatamente ao trabalho ainda no turno das 22h de ontem. Segundo a
assessoria de imprensa, o Metrô
vai seguir as decisões do TST e
não negocia durante a greve.
Os metroviários querem uma
reunião sem suspender a paralisação. "Sair agora [da greve", com
todas as perdas, seria um equívoco", disse Jesus.
A média salarial dos metroviários, segundo o sindicato, é de R$
1.100. O piso é o salário de um ajudante de manutenção: R$ 539. De
acordo com o Metrô, o salário
médio é de R$ 1.900, e o piso é de
R$ 711. Na carreira dos engenheiros estão os maiores salários, que
variam de R$ 2.200 a R$ 3.500.
Na manhã de ontem, nenhum
trem do metrô circulou em São
Paulo, apesar da liminar obtida na
sexta-feira pelo Ministério Público, que determinou a circulação
de 100% dos trens no horário de
pico e 50% no horário normal.
Muitos usuários foram surpreendidos com a greve.
A CPTM (Companhia Paulista
de Trens Metropolitanos) aumentou em 30% a circulação de
composições na linha leste das 6h
às 8h30. O intervalo entre as composições caiu de oito minutos para seis minutos.
A SPTrans, que administra o
transporte de ônibus, orientou as
empresas a colocar todos os 10,3
mil ônibus da frota nas ruas e a estender até o centro as 127 linhas
de integração com o metrô. Ontem, a prefeitura liberou a zona
azul e suspendeu o rodízio. A CET
(Companhia de Engenharia de
Tráfego) vai monitorar hoje a greve e, às 6h, anuncia as novas decisões.
(ESTANISLAU MARIA E MELISSA DINIZ)
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