São Paulo, quarta-feira, 26 de junho de 2002

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TRANSPORTES

Edivaldo Santiago, que já foi ligado à CUT, confidenciou a amigos que pretende se candidatar a vereador

Sindicalista quer tentar carreira política

DA REPORTAGEM LOCAL

Líder da greve de ônibus que parou São Paulo nos últimos dois dias, Edivaldo Santiago, 54, presidente do sindicato dos motoristas, já revelou aos amigos mais próximos que quer se candidatar a vereador nas eleições de 2004.
O sindicalista chegou a se filiar ao PMDB nos anos 90, mas, distante da militância no partido, deverá escolher uma nova legenda: PSB, PTB e PSDB são algumas opções já comentadas por ele em conversas reservadas.
Santiago é considerado um "carrasco" pelas administrações petistas, apesar de ter sido "formado" no sindicalismo dentro da CUT (Central Única dos Trabalhadores), braço sindical do PT.
Ele liderou uma greve de nove dias em 1992, no final do governo Luiza Erundina, quando começou a se afastar da CUT e dos petistas. Em 2000, nas eleições municipais, voltou a fazer elogios e a declarar apoio à ex-prefeita.
Santiago deixou a presidência do sindicato no final de 1994 e foi condenado pela ala oposicionista por não ter endurecido durante a gestão Maluf, quando a CMTC acabou extinta. Ele sempre foi criticado por ser centralizador e não estar acostumado a abrir espaço para opiniões divergentes.
Por causa de sua atuação polêmica, Santiago foi convencido pelos amigos nos últimos meses a andar acompanhado de dois seguranças. Casado, é pai de três filhos -um deles é motorista de uma viação de ônibus intermunicipal- e mora no Jardim Ângela, na zona sul de São Paulo.
Foi em 1994 que começou a aproximação de Santiago com Luiz Antônio Fleury, ex-governador e atual deputado federal pelo PTB, e com Paulo Pereira da Silva, ex-presidente da Força Sindical e candidato a vice-presidente na chapa de Ciro Gomes (PPS).
"O Paulinho almejava muito esse sindicato. Hoje, eles são amigos íntimos", diz Isao Hosogi, secretário de Patrimônio do sindicato dos motoristas e um dos melhores amigos dele desde 1979.
Santiago retomou a presidência da entidade no final de 2000, após passar a segunda metade dos anos 90 longe da categoria. Ele chegou a montar uma padaria, que faliu, e participou da criação do sindicato interestadual dos rodoviários.
A eleição de Santiago foi apoiada pela Força e ainda está sub judice. A antiga diretoria, ligada ao PC do B, contesta a forma como as eleições foram conduzidas.
Uma das primeiras medidas que tomou quando assumiu novamente a entidade foi acabar com as comissões de garagem, que descentralizavam as decisões. A atual diretoria do sindicato reúne sindicalistas ligados a parlamentares do PSDB (vereador Gilberto Natalini, deputado federal José Aníbal e deputado estadual Walter Feldman) e diretores que se dizem próximos ao PT.
Na formalização da candidatura de Paulinho a vice na chapa de Ciro, 30 ônibus foram fretados para levar motoristas até Indaiatuba (110 km de SP). (AI)


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