|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
OPINIÃO
Suíça: uma proposta imoral
BEN ABRAHAM
A última proposta dos principais bancos suíços para pagar US$
600 milhões pelos depósitos efetuados por judeus vítimas do Holocausto constitui uma clara manobra para confundir e tumultuar
o direito incontestável de devolver o patrimônio apropriado pela
Suíça à custa desses depositantes.
A nota conjunta dos bancos Crédit Suisse, Swiss Bank Corp e
Union Bank of Switzerland, classificando a exigência do Congresso
Judaico Mundial (CJM) como infundada e excessiva, pode ser considerada como imoral, uma vez
que os valores oferecidos nem
chegam a 15% do montante real
acrescido dos respectivos juros.
Conforme já descrevemos na imprensa nacional e internacional, se
existisse boa vontade dos banqueiros suíços bastaria que fossem selecionados e somados os depósitos
abandonados durante os últimos
57 anos para chegar aos números
que representam o total da apropriação indébita por parte dos
seus bancos. Uma solução simples
e lógica para qualquer pessoa de
bom senso, mas não para os banqueiros suíços.
Para livrar a Suíça da acusação
de ser um porto de piratas, é suficiente promulgar uma lei que
isente do sigilo bancário os depósitos inativos por mais de 50 anos.
Um desafio para o governo do
país, cuja prosperidade está na
maior parte baseada na sua estrutura bancária.
Além dos depósitos judaicos de
antes da guerra, existem outros
bens de procedência nebulosa que
em grande parte pertenciam aos
judeus.
No fim da Segunda Guerra,
quando a derrota nazista tornou-se evidente, o governo do 3º
Reich autorizou o envio de dinheiro à Suíça para que as fortunas
acumuladas pelas indústrias enriquecidas com a produção de material bélico fossem salvas. Dinheiro que futuramente serviria para a
reconstrução do império nazista.
A transferência desses valores para a Suíça não foi uma novidade,
uma vez que, desde a colocação
em prática da "solução final", os
bens em moeda estrangeira roubada de judeus e ouro em forma
de barras compostas por dentes e
anéis derretidos eram depositadas
constantemente na Suíça.
Esses valores serviam inicialmente para sustentar a organização Odessa, incumbida de proteger criminosos nazistas, propiciando-lhes refúgios seguros, notadamente na América Latina.
Assim, encobrindo-se por meio
de rigoroso sigilo bancário, os
banqueiros suíços, de fato, tornaram-se verdadeiros cúmplices dos
crimes nazistas, da mesma maneira como são os receptadores no
caso de roubos e assaltos.
Ben Abraham, 73, jornalista e escritor, é vice-presidente da Associação Mundial dos Sobreviventes do Nazismo
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|