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PATRIMÔNIO HISTÓRICO
Para pesquisadores, a obra, achada durante a restauração de uma igreja em João Pessoa, está intacta
Fortaleza do século 16 é descoberta na PB
FREE-LANCE PARA A AGÊNCIA FOLHA,
EM JOÃO PESSOA
Um grupo de arqueólogos, historiadores e arquitetos descobriu
esta semana, em João Pessoa, as
muralhas de uma antiga fortaleza
construída por espanhóis e portugueses durante a conquista da Paraíba, no século 16.
Eles acreditam que a obra, com
cerca de 10 mil metros quadrados
de área -conforme a primeira
avaliação feita- está intacta e foi
preservada porque está soterrada.
As muralhas em pedras calcárias foram identificadas durante o
trabalho de restauração da igreja
São Frei Pedro Gonçalves.
Segundo a arquiteta Sônia Maria Gonzales, algumas escavações
no pátio da igreja apontaram os
indícios das muralhas.
As ruínas localizadas no centro
velho da capital paraibana são visíveis e, em alguns pontos, atingem entre 8 e 10 metros de altura.
Segundo os historiadores, a fortaleza era quase duas vezes maior
que a de Santa Catarina, localizada na cidade de Cabedelo, no litoral norte do Estado.
A obra teria sido utilizada para
proteger a população dos ataques
de inimigos indígenas.
Alicerce
Hoje, a fortaleza está coberta
por mato, lixo, casarões e prédios
do início deste século, que foram
construídos sobre as muralhas,
utilizadas como alicerce.
Os arqueólogos asseguram que
as ruínas datam de 1585 a 1634,
quando a fortaleza teria sido
construída.
O arqueólogo pernambucano
Paulo Tadeu Albuquerque, ex-presidente da Sociedade de Arqueologia Brasileira, considera a
descoberta muito importante e
afirma que, desde 1938, nada tão
grandioso foi descoberto no país.
Os arqueólogos e arquitetos asseguram que as muralhas são os
vestígios das primeiras ocupações
da então capitania da Paraíba.
Durante as escavações, foi descoberta a fonte que os arqueólogos acreditam ter abastecido a população da fortaleza.
Também foram encontrados
túneis para drenagem de água, ossos humanos e material em cerâmica. A igreja de São Frei Pedro
Gonçalves fazia parte do complexo, segundo os historiadores.
Financiamento
A restauração da igreja tem financiamento do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), por meio do Prodetur (Programa de Desenvolvimento Turístico do Nordeste).
A recuperação está sob a responsabilidade da Comissão de
Desenvolvimento do Centro Histórico, que também recebe financiamento do governo espanhol.
O coordenador da comissão,
Cláudio Nogueira, disse que a
descoberta das muralhas confirma o que foi relatado por historiadores do passado.
"Eles escreveram sobre a existência de um forte no local onde a
cidade começou. Somente agora
estamos comprovando o que os
historiadores disseram."
O representante do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional) na Paraíba,
Umbelino Peregrino de Albuquerque, disse que é preciso avaliar melhor a descoberta para ter
exatidão se ela é mesmo a mais
importantes dos últimos 60 anos
no Brasil.
Ele afirmou que vai esperar os
resultados dos estudos científicos
para poder solicitar o tombamento. "Em todo caso, o achado é de
valor extraordinário."
Segundo ele, a descoberta, apesar de surpreendente, está muito
recente e precisa ser abalizada técnica e cientificamente para compará-la a outras descobertas e, só
assim, fazer o tombamento.
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