São Paulo, quinta-feira, 26 de julho de 2001

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EDUCAÇÃO

Unidade autorizada pelo MEC terá ensino pago; reitor é contra vínculo com universidade pública

Fundação ligada à USP pode abrir faculdade

DA REPORTAGEM LOCAL

O Ministério da Educação autorizou uma fundação ligada à USP (Universidade de São Paulo) a criar uma faculdade privada.
Há um ano, a Fipecafi (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras), ligada ao departamento de Ciências Contábeis da FEA (Faculdade de Economia e Administração), pediu e, no último dia 4, o ministro Paulo Renato Souza oficializou a permissão para o funcionamento da Faculdade Brasileira de Gestão e Negócios, que poderá oferecer cursos pagos de graduação como qualquer particular.
Trabalhando com a maioria de professores da USP, a fundação pretende abrir 60 vagas, já em 2002, para formação de bacharéis em ciências atuariais, curso que a universidade fechou, no começo da década passada, e que preparava profissionais para trabalhar com previdência, controladoria e seguros. As aulas serão na sede da fundação, que fica ao lado da Cidade Universitária.
Como a fundação é entidade privada e autônoma, não há impedimento legal. Mas o reitor Jacques Marcovitch avisou ontem que é contra. Por meio da assessoria de imprensa, Marcovitch disse discordar de cursos de graduação particulares vinculados ao nome da universidade pública. "Qualquer uma das 30 fundações que tenha pretensão semelhante deve cortar qualquer ligação com a USP", completou o reitor.
A diretoria da Fipecafi se reúne amanhã ou segunda para decidir se aborta o curso ou mantém o projeto e perde a "grife USP".
Hoje, as fundações, em parceria com as universidades, captam e administram recursos para pesquisas e mantêm cursos de especialização pagos, a maioria na área de negócios, os MBA (Master Business Administration).
Professores e pesquisadores das universidades trabalham nessas atividades, que pagam melhor que o Estado e usam a estrutura e a credibilidade de uma USP, por exemplo. Em contrapartida, as universidades recebem um percentual da renda das fundações -em dinheiro ou como melhoria na infra-estrutura. Exemplo disso são as salas acarpetadas, com ar-condicionado e cadeiras acolchoadas da Faculdade de Economia e Administração, cuja fundação mais conhecida é a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), famosa pelo cálculo da inflação. A Fipecafi, por exemplo, faturou R$ 28 milhões no ano passado, dos quais repassou 15% à USP. Só no campus de São Paulo, são 19 fundações ligadas à universidade; mais seis, em Ribeirão Preto; duas, em Bauru; duas, em São Carlos, e uma na Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), em Piracicaba. A USP não divulgou quanto recebe.
Saúde, engenharias, economia e administração são as áreas mais pródigas, mas a ECA (Escola de Comunicações e Artes), a Faculdade de Educação e o Instituto Oceanográfico também têm suas fundações.


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