São Paulo, sexta-feira, 26 de julho de 2002

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No DF, renda média é maior do país

SÍLVIA FREIRE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O empresário Francisco Adnet, 61, chegou a Brasília há 40 anos para conhecer a capital federal, conseguiu um bom emprego público e acabou ficando.
Na época, Adnet aproveitou as oportunidades que Brasília, recém-inaugurada, oferecia e hoje é um dos casos de idosos com renda acima da média nacional.
Ele diz ter renda mensal de cerca de R$ 1.700, sem valor fixo.
Segundo o Perfil dos Idosos Responsáveis pelos Domicílios, divulgado ontem pelo IBGE, o Distrito Federal tem o maior rendimento médio para pessoas acima de 60 anos entre as unidades da federação -R$ 1.796. A média nacional ficou em R$ 657.
Para a demógrafa Ana Maria Nagales, chefe do Departamento de Estatística da Universidade de Brasília, a situação decorre tanto das aposentadorias dos funcionários públicos -geralmente acima do benefício pago ao trabalhador do setor privado- quanto das oportunidades de trabalho que a criação de Brasília ofereceu nas décadas de 60 e 70.
"Quem chegou à cidade nas décadas de 60 e 70 está hoje com mais de 60 anos. Eram funcionários públicos que receberam incentivos para se transferir para a nova capital ou pessoas que tiveram oportunidades que hoje não têm mais", disse Ana Maria.
Adnet reuniu na sua trajetória os dois fatores. Por influência de seu padrinho, que era ministro do Supremo Tribunal Federal, conseguiu em 1962 um emprego no tribunal, onde trabalhou por 23 anos. Em 1980, abriu uma academia no Lago Sul, região de classe alta de Brasília.
Apesar da liderança registrada na pesquisa, a tendência é que a média dos rendimentos dos idosos do Distrito Federal se iguale à do país nas próximas décadas.
De acordo com Ana Maria, com a redução do quadro de funcionários do governo e o crescimento de Brasília, principalmente na região periférica, onde o rendimento chega a ser dez vezes inferior ao do Plano Piloto, a tendência é que as aposentadorias caiam e, consequentemente, a renda dos idosos.
"Nos primeiros anos de Brasília, cerca de 80% dos trabalhadores eram funcionários públicos", disse a professora. Atualmente, esse número inverteu. Segundo pesquisa do Dieese, de novembro de 2001, apenas 22% dos ocupados são empregados da administração pública direta.



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