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No DF, renda média é maior do país
SÍLVIA FREIRE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O empresário Francisco Adnet,
61, chegou a Brasília há 40 anos
para conhecer a capital federal,
conseguiu um bom emprego público e acabou ficando.
Na época, Adnet aproveitou as
oportunidades que Brasília, recém-inaugurada, oferecia e hoje é
um dos casos de idosos com renda acima da média nacional.
Ele diz ter renda mensal de cerca de R$ 1.700, sem valor fixo.
Segundo o Perfil dos Idosos
Responsáveis pelos Domicílios,
divulgado ontem pelo IBGE, o
Distrito Federal tem o maior rendimento médio para pessoas acima de 60 anos entre as unidades
da federação -R$ 1.796. A média
nacional ficou em R$ 657.
Para a demógrafa Ana Maria
Nagales, chefe do Departamento
de Estatística da Universidade de
Brasília, a situação decorre tanto
das aposentadorias dos funcionários públicos -geralmente acima
do benefício pago ao trabalhador
do setor privado- quanto das
oportunidades de trabalho que a
criação de Brasília ofereceu nas
décadas de 60 e 70.
"Quem chegou à cidade nas décadas de 60 e 70 está hoje com
mais de 60 anos. Eram funcionários públicos que receberam incentivos para se transferir para a
nova capital ou pessoas que tiveram oportunidades que hoje não
têm mais", disse Ana Maria.
Adnet reuniu na sua trajetória
os dois fatores. Por influência de
seu padrinho, que era ministro do
Supremo Tribunal Federal, conseguiu em 1962 um emprego no
tribunal, onde trabalhou por 23
anos. Em 1980, abriu uma academia no Lago Sul, região de classe
alta de Brasília.
Apesar da liderança registrada
na pesquisa, a tendência é que a
média dos rendimentos dos idosos do Distrito Federal se iguale à
do país nas próximas décadas.
De acordo com Ana Maria, com
a redução do quadro de funcionários do governo e o crescimento
de Brasília, principalmente na região periférica, onde o rendimento chega a ser dez vezes inferior ao
do Plano Piloto, a tendência é que
as aposentadorias caiam e, consequentemente, a renda dos idosos.
"Nos primeiros anos de Brasília,
cerca de 80% dos trabalhadores
eram funcionários públicos", disse a professora. Atualmente, esse
número inverteu. Segundo pesquisa do Dieese, de novembro de
2001, apenas 22% dos ocupados
são empregados da administração pública direta.
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