|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ADMINISTRAÇÃO
Pesquisa com 169.434 pessoas mostra que 40% dos atendidos por programas sociais têm imóvel e mais de 9 anos de estudo
"Novo excluído" tem casa e é alfabetizado
BRUNO LIMA
DA REPORTAGEM LOCAL
Ter casa e estudo não impede
que alguém caia na condição de
exclusão social. É o que diz um levantamento divulgado ontem pela Secretaria Municipal do Desenvolvimento, Trabalho e Solidariedade de São Paulo, que aponta
que 4 em cada 10 dos atendidos
pelos programas sociais da prefeitura têm perfil diferente do que é
tradicionalmente identificado
com a pobreza.
A pesquisa foi feita com base em
fichas preenchidas, de novembro
de 2001 a janeiro deste ano, por
169.434 pessoas beneficiadas pelos programas sociais de garantia
de renda da Prefeitura de São
Paulo. A cidade tem 96 distritos,
sendo que 50 -a maioria nas regiões mais periféricas- já são
atendidos pelos programas.
A idéia de que os pobres são somente negros, nordestinos e analfabetos, sempre com muitos filhos e sem moradia, não é verdadeira, mostra a pesquisa. A exclusão social já atinge quem tem
mais de nove anos de estudo, casa
própria e fez cursos de qualificação profissional. Nascidos no Estado, brancos e com poucos filhos
fazem parte desse grupo.
"A exclusão ganhou caráter
mais amplo, mais sofisticado. É a
democratização da pobreza", disse o secretário Márcio Pochmann.
Dos 25,8 mil atendidos pelo
programa Bolsa Trabalho, 20,4
mil nasceram no Estado de São
Paulo. Nas cerca de 123 mil famílias atendidas pelo Renda Mínima, 39,3% dos chefes de família
são paulistas, 18,2% são baianos e
11,8%, pernambucanos.
O levantamento revelou ainda o
aumento da porcentagem de homens, a diminuição do número
de dependentes com menos de 15
anos e o aumento da presença de
pessoas com mais de 40 anos, se
comparada a incidência do novo
perfil da exclusão à incidência do
perfil tradicional entre os atendidos pelos programas neste ano.
O número de pessoas solteiras,
separadas ou viúvas também é
muito mais representativo no novo perfil. Entre os "novos excluídos", 91,9% não têm cônjuge.
A pesquisa mostra que uma das
principais características do perfil
da nova exclusão é a dificuldade
de conseguir o primeiro emprego.
Entre os considerados pela pesquisa como "novos excluídos" na
categoria "posição no mercado de
trabalho de 2002" -de modo geral, jovens com menos de 25
anos-, 77,2% disseram nunca
ter trabalhado na vida. "Percebemos que, para quem não tem experiência, é muito mais importante um estágio do que um curso
de capacitação", disse Pochmann.
Outra constatação é que os novos excluídos estão mais entre os
demitidos do setor terciário (comércio e serviços), enquanto a exclusão tradicional está marcada
por um maior número de demissões na indústria.
Segundo o secretário, os dados
devem ajudar a redirecionar e integrar ações. "Não temos uma experiência nacional para enfrentar
essa realidade. É importante identificar esse novo perfil para traçar
políticas sociais adequadas."
Texto Anterior: Morre antiga porta-bandeira da Mangueira Próximo Texto: Panorâmica - Rapidez: Helicóptero da PM resgata coração para transplante Índice
|